20080129

I can’t believe the news today

U2 vai a julgamento em Santa Catarina.

Depois o Bono Vox acaba na capa do Diarinho e não sabe por quê.

Só se fala em outra coisa em Dublin.

Doze músicas de 2007:
2) SUPERLUZ (SEBO NAS CANELAS), Nego Moçambique



Uma bela noite, o brasiliense Marcelo Martins resolveu mudar. Baixista e vocalista de uma banda indie, na virada do século trocou de nome e foi andando em direção à eletrônica sem pensar em voltar. O sonho cresceu com o segundo disco, registrando um artista que sente prazer no (a definição é do próprio) roboticafrofunkdancin’subatomicbrokenhouse. Tem música, porém, em que não existe um porquê. A danada simplesmente não pára.

20080128

Doze músicas de 2007:
3) MERRYMAKING AT MY PLACE, Calvin Harris



O CD chama-se I Created Disco. “Eu” refere-se a um escocês de 24 anos apresentando-se ao mercado com a pretensão no limite do ridículo. Oh! Sorte que a linha de baixo logo na abertura sustenta a pose. Com um groove desses, meu chapa, tu pode dizer que criou o que quiser que a gente acredita. Oh? Abusado, o produtor aproveita o embalo para enfileirar falsetes liberais, paradinhas e efeitos cintilantes. Tudo truque sujo, tudo convincente. Oh.

20080125

É complicado procurar alguma coisa onde não existe nada

Fazia tempo que as Gravadoras não me mandavam material. Nem têm porquê, já que há muito estou fora do circuito de jornalistas-que-podem-publicar-algo-sobre-nosso-produto-
em-algum-lugar. Mas de vez em quando troca o funcionário responsável pelo mailing e, inadvertidamente, esquece de riscar meu nome da lista dos que serão agraciados com cedezinhos no conforto de seu lar.

Pois bem: hoje, descendo com o cachorro para que ele fizesse seu comentário matinal acerca da administração da cidade, vi o envelope pardo pela fresta da caixa de correio. Espiei mais detidamente. Pela espessura, só podia ser daqueles forrados com papel-bolha – ou seja, continha mimos em seu interior. Para aumentar a expectativa, estendi o mistério até a volta do passeio canino.

Meia hora depois, abri a portinhola com o número do meu apartamento e, rápido como quem rouba, catei tudo o que encontrei lá dentro. No elevador, ignorei as contas, as propostas de adesão e os folhetos publicitários para me dedicar ao pacote que me fascinava. Era da Universal Music, acusava o logo. A julgar pela última remessa que a companhia enviou para mim, em 2006 (um Killers, um Mars Volta, um Moptop, o Sting erudito e o solo da Fergie), eu não deveria esperar muita coisa.

O problema é que sou um crédulo, um inocente e, até mesmo, um simplório, que vislumbra em um telefonema, em um e-mail, em uma reles correspondência uma janela para o inusitado, o surpreendente, o insólito. Ainda consegui me segurar até entrar em casa para violar o envelope. Eis o causador de tanta ansiedade:


***

Acabo de tomar formicida. Devo expirar daqui a uns 15 minutos. Adeus.

***

Vai-se o homem, fica a semente.

Doze músicas de 2007:
4) HUSTLER, Simian Mobile Disco



Como DJs, os James Ford e Shaw foram muito mais longe do que tocando em um quarteto indie inglês. Em dois anos, a “disco móvel” da dupla produziu e remixou bandas badaladas, gravou sets celebrando a cena e lançou um punhado de singles bombados – estabelecendo, ainda em 2006, a conexão com o rock no conceito (não em guitarras), idéia desenvolvida em seu conseqüente CD de estréia. Sexy e rebelde na teoria, divertido e dançante na prática.

20080124

Doze músicas de 2007:
5) FANCY FOOTWORK, Chromeo



Uma voz feminina convoca para a pista aos sussurros de “two step, two step, two step”. As mulheres nem esperam a sirene acabar para atender ao chamado. Seu baixo ventre adquire vontade própria e comanda o espetáculo, estimulado por batidas, timbres e vocais que funcionam desde a década de 1980. Como o tesão delas nunca envelhece, resta apenas obedecer à letra desses dois canadenses canalhas e mostrar que não é um cara tímido.

20080123

Doze músicas de 2007:
6) ORIGINAIS DO SONHO, Nação Zumbi



A banda faz o de sempre. A banda surpreende. A banda sempre surpreende. Depois de 15 anos exposto à lógica improvável dos malungos, de longe você já identifica a jamanta de groove. O que não imagina é qual das cabeças da hidra vai estar na direção, de que lado surgirá e em que velocidade. Desigual, onírica e cósmica, pode irromper do Oeste com um mantra na caçamba: “Vez em quando o mundo é pouco, quase nada pro que vem a seguir”.

20080122

Doze músicas de 2007:
7) I WANT I WANT, Digitalism



Uma das revelações do ano, a dupla alemã nadou de braçada na superpovoada raia onde a concorrência flutua entre a eletrônica e o rock. Completou duas, três, quatro viradas, mostrando fôlego para quantas aparecerem na sua frente. Sua especialidade é o medley: ida em estilo maquinado, volta com cozinha galopante, guitarra elástica e vocal blasé. Não dá nem para ficar escutando muito antes de escrever, senão pula mais uma posição.

20080121

Doze músicas de 2007:
8) UM GRAU ACIMA, Turbo Trio



Claro que não é por causa do funk carioca que o produtor Tejo (do coletivo Instituto), o multiinstrumentista Alexandre Basa e o MC BNegão figuram nesta lista. Se o batidão dos bailes serve para carimbar o passaporte, é a manha em adotá-lo como meio – não como fim – que distingue o grupo dos bondes na gringa. Nesse sentido, nada mais eficaz do que desacelerar a pressão e disseminar estados alterados pelo dub. A Babilônia que se cuide.

20080120

Notícias de dias tão fartos – e até do que nem aconteceu

Nesse mesmo dia, em 2001, eu estava cobrindo o Rock In Rio III para a revista Bizz. Havia chegado à Copacabana na sexta anterior e, desde então, a rotina consistia em acordar no quarto do três estrelas, entrevistar algum artista em algum hotel luxuoso, ir para o festival do outro lado da cidade e, na volta, fechar bem as cortinas para o sol não entrar. Mesmo no intervalo de segunda, terça e quarta-feira, dedicados à redação das matérias, a atividade começava às 10h da manhã e acabava lá pelas 7h de amanhã.

Naquele sábado, apesar das poucas horas de sono, da alimentação desregrada, do calor e da vida lôca, não teve cansaço capaz de distorcer o que foi o show de Neil Young. Não para qualquer um: um dos fotógrafos da equipe, com a afoiteza de sua juventude, retirou-se da frente do palco para a refrigerada sala de imprensa alegando que estava achando tudo “western demais”.

Mais tarde, em seu apartamento em Botafogo que servia de sucursal informal da revista, ele soube que perdera um momento único – também por razões que a gente ainda não sabia. Protegidos por São Clemente lá embaixo e pelo Cristo lá em cima, colecionamos histórias sensacionais sendo pagos para fazer o que a sociedade chama de trabalho.

Quatro meses depois, estava tudo acabado. Restou o texto (menos a parte que fala da Dave Matthews Band, a cargo do subeditor) abaixo como registro de nossa inocência.

***

(Reportagem publicada na revista Bizz #187, fevereiro de 2001)

Nada do que se escrever aqui vai sequer chegar perto de transmitir ao leitor o que foi o show de Neil Young. Pode-se descrever a ordem em que as músicas foram tocadas, a roupa dos músicos, a reação da platéia – que já era a menor do festival (125 mil pessoas) e diminuiu consideravelmente antes de começar sua aula. Mas conseguir, em palavras, expressar as sensações despertadas pela lancinante música do canadense é trabalho para um Nelson Rodrigues, não para repórteres ordinários feito a gente. Em pouco menos de duas horas, o rock – aquele que um dia traduziu os anseios da juventude, deflagrou mudanças de comportamento, contrariou a caretice – voltou a fazer sentido. Quando Neil Young deixou o palco, às 3h30 da manhã, ser roqueiro não era mais sinônimo de ingênuo ou anacrônico. Porque o tempo nunca vai passar para ele.

Cenários grandiosos, efeitos pirotécnicos, figurinos da moda, exibições artificias de simpatia, naipe de metais, DJs, todas essas muletas do showbiz são dispensáveis para o mestre. No máximo, duas backing vocais em algumas canções. Acompanhado pela banda Crazy Horse (a mesma de seus melhores discos) – o guitarrista Frank Sampedro, o baixista Billy Talbot e o baterista Ralph Molina – e por sua Gibson Les Paul, Neil ensinou como é que se faz. Não com a impaciência dos veteranos ou com a pachorra das grandes estrelas, embora tenha rodagem e prestígio suficientes para ignorar quem ignora sua música. De calça jeans, camiseta e chapéu de caubói, ele se pôs calmamente a mostrar que, por mais que a oposição apregoe, “rock’n’roll can’t never die”.

Sua apresentação lembrou aquelas piadas em que o morador da cidade, querendo tirar onda com o matuto, sempre é passado para trás pela esperteza rural. Neil Young é este caipira que engana os seres urbanos, sem rancor ou piedade. Da abertura, “Sedan Delivery”, ao encerramento, com “Welfare Mothers”, passando por “Hey, Hey, My, My”, “Like A Hurricane” e “Rockin’ In The Free World”, o cantor encantou os fiéis com inúmeros finais falsos, explosões de energia, passos desengonçados. Depois de cinco dias à base de britneys, axls, taylors, miltons, browns e quejandos, Medina (Nota do blogueiro: alusão à Roberto Medina, idealizador do festival) pôde finalmente bater no peito (como Young se despedindo do público, sem falar nada) e anunciar que o Rock In Rio seria inesquecível.

Porém, como diz aquela música do AC/DC, “é um longo caminho até o topo se você quer rock’n’roll”. Para atingir o nirvana sônico proporcionado pelo canadense, o público precisou encarar os Engenheiros Do Hawaii, provavelmente a banda brasileira que levou mais fãs ao festival. Humberto Gessinger fez tudo nos conformes, mesclando velharias (“Toda Forma De Poder” em versão lentinha, não!) com boas novas (“Eu Que Não Amo Você”, “Números”). O ápice foi a participação de Paulo Ricardo bancando o rebelde em “Rádio Pirata”. Rasgou até o coletinho, querendo que os jovens ali presentes acreditassem que ele já foi do rock. Depois, os primos Elba e Zé Ramalho. Em noite pretensamente folk, a família correspondeu com “Avôhai”, “Admirável Gado Novo” e a apoteose com a ótima “Frevo Mulher”.

Do Kid Abelha não há muito o que comentar. Nem teria cabimento, a essa altura do campeonato, querer encontrar falhas no grupo de Paula Toller. A banda mais coerente dos anos 80 sabe que mega-evento não é lugar para experiências e apostou nos hits (e são muitos). A verdade é que o trio desafia o calendário. Seu música sempre foi pop – o que, em comparação com seus colegas de geração, só os engrandece – e a vocalista está mais bonita do que na época de Seu Espião. Sem deslizes também foi o set da Dave Matthews Band. Fãs na frente do palco cantaram junto “So Much To Say” e “Ants Marching”, deixando-as ainda mais belas. Da competência dos músicos nem é preciso falar. Só vale um detalhe: enquanto variava viradas e improvisava mini-solos, o baterista Carter Beauford fazia bolas de chiclete.

Sheryl Crow veio em seguida, tocando todos os hits de sua carreira – nos Estados Unidos, porque aqui seu sucesso restringe-se a “All I Wanna Do”. A americana se esforçou, mostrou empolgação, tocou guitarra, violão e gaita, mandou a cover de “Sweet Child O’Mine e gritou “Axl está de volta!”. Que Axl o quê, minha filha! Quem vai voltar é o rock, a bordo de Neil Young.

20080119

Doze músicas de 2007:
9) THE GET GO, New Young Pony Club



A quantidade de bandas que usam a eletrônica para evocar a new wave oitentista é inversamente proporcional à qualidade das que se assumem como new rave. Trocadilho por trocadilho, o que batiza o quinteto londrino não se compromete. Eletrônico por acaso, não raro dançante, sempre aderente – e, no caso deste single de 2005 incluído no CD de estréia, com efeitos que ultrapassam sua curta duração. Sorvetes derretem. Jóias, não.

20080118

Doze músicas de 2007:
10) BLACK BUTTERFLY, Money Mark



Solo, o chicanoriental que colabora com os Beastie Boys gostava de tirar tudo quanto é som acionado por teclas. Nessa de experimentar, acabou encontrando elementares baladas ao piano. Não seria em seu disco mais orientado pelo pop indie apaixonado que iria faltar aquela matadora. Sem invenção demais para não desviar o foco da canção: começo só com voz e Rhodes, entrada gradual dos outros instrumentos, crescendo e esvaecimento.

20080117

Doze músicas de 2007:
11) GUM, Cornelius



Em 1997, Cornelius chegou ao Ocidente com Fantasma sendo saudado como vanguardista, um Beck japonês manipulando Beach Boys e barulho, beats e sujeira. De lá para cá, as comparações e os adjetivos foram sumindo a cada trabalho, mas a esquisitice diluída em um porrilhão de referências permanece firme e forte. No meio de tanta informação, surge um single burro, feliz e repetitivo, que de vez em quando explode na sua cara. Tipo rock.

Doze músicas de 2007:
12) I DON'T WANNA STOP, The Bamboos



Surpresa é descobrir que isso não só saiu em 2007, como foi feito por australianos. Porque para cativar basta o “tchu-ru-ru-ru-ru-tchuu” inicial, tão familiar que parece plágio. É uma das poucas faixas com vocais (aqui, a cargo da diva local Kylie Auldist) do segundo disco do quinteto, mais afeito a instrumentais à Martin, Medeski & Wood envenenados por funk classudão. Ela diz que não quer parar. Mesmo se quisesse, não conseguiria.

20080116

Um ano de livros com hífen no título

Tive saco para anotar, em ordem cronológica, os livros que derrubei durante o ano. É isso que dá ficar lendo não-ficção demais. Deixa que em 2008 eu tiro O Tempo E O Vento da fila e me redimo com o literatura brasileira, com o romance regional, com o Rio Grande do meu pai. Encarar a caudalosa trilogia de Érico Veríssimo é fácil. Difícil será não pensar em Tarcísio Meira quando o Capitão Rodrigo apear do alazão e entrar na venda do Nicolau, viola a tiracolo, como se fosse um velho conhecido em Santa Fé: “Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho!”. É com esses que eu vou.

Entre os gêneros que compuseram minha bibliografia no último exercício fiscal e literário, de música não houve nada melhor do que Maysa – Só Numa Multidão de Amores (Globo). Lira Neto me transformou em um fã tão ardoroso da mulher que faço questão de preservar uma ignorância preventiva em relação à cantora.

Em ficção estrangeira, um relançamento e uma aquisição que ficou para trás inscreveram seus nomes na memória afetiva. Medo e Delírio em Las Vegas (Conrad), de Hunter Thompson, ressuscitou com uma capa alaranjada, enfeitada pelo traço doentio que Ralph Steadman imprimiu no cartaz do filme. Minha edição anterior era aquela lilás, publicada pela nanica Anima em 1984 e arrematada no começo da década de 1990 em um sebo paulistano com o título original adaptado para Las Vegas na Cabeça. (Anotação mental: ter edições diferentes do mesmo livro é muito mais grave do que do mesmo disco.)

Pois o clássico do mestre gonzo passa na prova do (meu) tempo com a sua maior qualidade intacta. Apesar de todos esses anos, me despedi de Raoul Duke com a cabeça fritando como a dele, totalmente dopado pela vontade de escrever QUALQUER COISA. Passagens não aborvidas em sua plenitude quando detonadas pela primeira vez respondem certas dúvidas existenciais:

“Jornalismo não é uma profissão, não é nem mesmo um ofício. É uma saída barata para vagabundos e desajustados – uma porta falsa que leva à parte dos fundos da vida, um buraquinho imundo e cheio de mijo, fechado com tábuas pelo inspetor de segurança, mas fundo o bastante para comportar um bêbado deitado que fica olhando para a calçada se masturbando como um chimpanzé numa jaula de zoológico.”
Meu Nome É Charlotte Simmons, de Tom Wolfe (Rocco), repousava na pilha dos “próximos” desde 2005 até piscar para mim. Durante dois dias, só larguei suas mais de 600 páginas para passear com o cachorro pelo campus, onde topava com os arquétipos que o autor também encontrou na tradicional universidade Dupont. Lá como cá, a estupidez é o esperanto do comportamento.

Por fim, é imperioso mencionar A Dança dos Deuses, de Hilário Franco Júnior (Companhia das Letras). Futebol e política, futebol e sociedade, futebol e cultura, futebol e religião, futebol destrinchado em fatos que expressam em sentido literal as mais variadas metáforas às quais o esporte está associado. Livraço-aço-aço.

Sem vocês, as cagadas de 2007 teriam demorado menos (em negrito, os que fizeram a perna formigar):

Roberto Carlos em Detalhes
, Paulo César Araújo
Tempestade de Ritmos, Ruy Castro
Tempos Heróicos, Jakzam Kaiser
Maysa – Só Numa Multidão De Amores, Lira Neto
Kind Of Blue – A História da Obra-Prima de Miles Davis, Ashley Kahn
Contracultura através dos Tempos, Ken Goffman e Dan Joy
Almanaque da Música Brega, Antonio Carlos Cabrera
Japop – O Poder da Cultura Pop Japonesa, Cristiane A. Sato
Multidão, Antonio Negri
O Rio Musical de Anacleto de Medeiros, André Diniz
Praticamente Inofensiva, Douglas Adams
O Super-Homem Vai ao Supermercado, Norman Mailer
Dentro da Floresta – Perfis e Outros Escritos da Revista The New Yorker, David Remnick
Eu, Robô, Isaac Asimov
Era uma Vez o Amor mas Tive que Matá-lo, Efraim Medina Reyes
Quem Matou Vargas, Carlos Heitor Cony
O Menino, Edward Bunker
Para Entender Michael Jackson, Margo Jefferson
Ao Som do Mar e à Luz do Céu Profundo, Nelson Motta
Aventura no Caminho dos Tropeiros, Jakzam Kaiser
Histórias de Aprendiz, Werner Zotz
Jantares em Diferentes Países, Jacques Arago
Despachos Do Front, Michael Herr
Hip Hop e a Filosofia, William Irvin (coord.)
Amêndoa, Nedjma
Vida Que Segue – João Saldanha e as Copas de 1966 e 1970
As Melhores Reportagens de Joel Silveira
As Palavras Andantes, Eduardo Galeano
Aventuras de uma Pseudovirgem, Iris Bahr
Madame Satã, Marcelo Leite de Moraes
Um Cadáver ao Sol, Iza Salles
Medo e Delírio em Las Vegas, Hunter Thompson
Mauá – Empresário do Império, Jorge Caldeira
Vidas Secas, Graciliano Ramos
Crônica de uma Morte Anunciada, Gabriel Garcia Márquez
Lembra do Transasom?, Marcelo Ferla e Pedro Sirotsky
A Dança dos Deuses, Hilário Franco Júnior
João Saldanha – Uma Vida em Jogo, André Iki Siqueira
Meu Nome É Charlotte Simmons, Tom Wolfe
Tingo – O Irresistível Almanaque Das Palavras Que A Gente Não Tem, Adam Jacot de Boinod
Jimi Hendrix – A Dramática História De Uma Lenda Do Rock, Sharon Lawrence
Crônicas de um País Bem Grande, Bill Bryson
Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band – Um Ano Na Vida Dos Beatles E Amigos, Clinton Heylin
A Love Supreme – A Criação Do Álbum Clássico de John Coltrane, Ashley Kahn

20080115

Quase todos os meus amigos são blogueiros

Sempre liguei o fato de nunca ter me animado para manter um blog na ativa à gratuidade da coisa. Minha única experiência regular nesta mídia nasceu como alternativa ao bloqueio para não-assinantes que um dia o site do jornal que publicava minhas colunas semanais cismou em adotar. A cada coluna, o blog ganhava um post absolutamente livre e inútil. Eu era pago para isso e ainda ilustrava listas de prediletos de alguns desavisados. Quando me dispensaram, escrevi um arrazoado todo comovido falando em continuar. Pfff.

Foi aí que descobri que a falta de dinheiro envolvido não tinha nada a ver com a letargia. Por alguma razão que só a criatividade a serviço do ócio conhece, associei blog a parar de fumar. Combinei comigo mesmo em trocar cigarros por posts. Considerando o tabagismo diário, a freqüência estaria garantida. Mesmo cercado de nenhuma expectativa, fracassei miseravelmente. Nem tentei.

Agora tomei vergonha na cara. Continuo fumando, mas não faço do vício uma muleta para enfrentar as agruras do cotidiano, como ter de amarrar os cadarços (apud Matt Dilon em Drugstore Cowboy). Atrás da fumaça, vejo que quase todos os meus amigos são blogueiros. Eles me instigam, me divertem e me confortam. Também quero viajar nesse balão. No mínimo, para retribuir em primeira pessoa o bem que me fazem.

Era isso ou ficar assistindo ao paredão inaugural do oitavo Big Brother Brasil.