20090424

A/C Congresso Nacional

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Seus problemas acabaram! Com este sensacional gerador de passagens aéreas de primeira classe, a sociedade nunca mais vai pegar no seu pé. [dica do altovolta]

20090415

Em vez de estrelas, asteróides

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Foi o alemão quem levantou o tema, pouco antes de Curumim, afônico, forrar o ambiente com uma sessão de DUBWISE. Para ele deixar de lado a beldade com quem conversava e vir me perguntar isso, devia ser uma questão que o estava atormentando muito mesmo. Sempre ligado no movimento, nem esperou os cumprimentos protocolares para disparar:

— Cara, o que tá acontecendo nesse ano? Não saiu nenhum disco que preste até agora...

Reagi esvaziando sua angústia. Tentei RELATIVIZAR o suposto problema:

— Também não é assim, né? — ganhei tempo para pensar em algo que desmentisse a certeza saxônica. Mas só fiquei com cara de bobo falando “tem o..., também o...”, sem citar nenhum nome. No máximo, consegui dizer que ouço músicas, não discos.

A gravidade que emanava do palco evitou um debate que não levaria a nada. Ele voltou para a sua querida, eu fui perseguir o diabo da caretice com golpes baixos. Se nossa conversa continuasse, eu lhe explicaria que aboli aquela bolacha redonda com um punhado de canções gravadas. Que este formato só interessa ainda à indústria, que empurra ao consumidor um produto no qual é comum mais da metade ser descartada; ou a artistas com ambições conceituais, com resultados desastrosos na maioria das vezes.

Mas diria também o seguinte: cada um sabe o que fazer com o seu dinheiro ou com o seu tempo. Eu mesmo ocupo o meu escutando ocasionalmente discos inteiros – lançamentos de conhecidos com quem nutro uma relação afetiva (U2 e Neil Youg, por exemplo), álbuns antigos que apenas surtos idiossincráticos justificam sua ressurreição (jamais imaginei que desenterraria o Slide it in, do Whitesnake) e, ora se não, coisa nova de gente idem.

Como Fruit, do Asteroids Galaxy Tour. É uma banda dinamarquesa capitaneada pela vocalista Mette Lindberg (a radiante dona do ombrinho na foto ali em cima) e pelo baixista e produtor Lars Iversen. Já havia me ASSANHADO no final do ano passado com o cartão de visitas “The Sun ain’t Shining no More”, um popzinho retrô de raízes negro-espaciais. Atrás de mais faixas como essa, catei o disco inteiro tão logo ele deu mole, há poucos dias, predisposto a salvar duas ou três e deletar o resto.

Para minha surpresa, tem mais um monte do mesmo naipe, sempre com uma sonoridade que remete a soul, psicodelia light e vocação para se enquadrar entre Amy Winehouse e Lily Allen. Sem me esforçar, aponto “The Golden Age”, “Bad Fever”, “Around the Bend”, “Satellite” e “Lady Jesus” como aproveitáveis. Pode não representar muito. Com certeza, porém, é mais do que a média – o que credencia a estreia (pega aqui na minha reforma ortográfica) do grupo como uma das boas recordações que 2009 reserva. Tudo indica que este sol promete brilhar até dezembro.

THE ASTEROIDS GALAXY TOUR, The Sun ain't Shining no More

20090414

Noção do atraso*

O que (já) é não é (ainda) – eis a Surpresa.
O que não é (ainda) (já) é – eis a espera.

* Paul Valéry (1871-1945), Cahiers, vol. 1.

20090408

Juro que vi um javali cor-de-rosa

Os The Darma Lóvers acabam de lançar seu quinto disco, o quarto de inéditas. SimplesMente é o tipo de empreendimento pelo qual dá gosto torcer. Não precisa ser budista, encontrar a mensagem ou acreditar na transcendência via música pop para FRUIR. Basta, como diz uma velha canção da banda, desmanchar o hábito, debelar o medo, desmanchar o rígido, desfazer críticas. Em resumo, desarmar-se.

O CD vem cheio de nomes para exibir: produção de Kamal Kassin e Berna Ceppas (Los Hermanos, Caetano Veloso); participações de Villa-Lobos, Moreno Veloso e Domenico Lancelotti; marca da carioca Dubas, de Ronaldo Bastos. Nada de sólido além da evidência de que Nenung e Yang Zan não passam mais tanto tempo em Três Coroas. E de que o som do hoje sexteto parece que está mais encorpado, mais bonito, com mais preZENça – ao menos em “Júlia”, uma das duas faixas que estão circulando por aí no maior desapego.

Ainda não ouvi todo, mas já gostei. Por enquanto e para sempre.

OS THE DARMA LÓVERS, Júlia

20090405

Anotações de leitura

“Assim, em um átimo de segundo, em meio à maior vertigem de sua existência, a rigor a única que ele não teve tempo (e durante a vida inteira não terá) de domesticar numa representação literária, apreendeu a intensidade da expressão ‘para sempre’ — a idéia de que algumas coisas são de fato irremediáveis, e o sentimento absoluto, mas óbvio, de que o tempo não tem retorno, algo que ele sempre se recusava a aceitar. Tudo pode ser recomeçado, mas agora não; tudo pode ser refeito, mas isso não; tudo pode voltar ao nada e se refazer, mas agora tudo é de uma solidez granítica a intransponível (...)”
(O Filho Eterno, de Cristovão Tezza)

20090401

Primeiro de abril (edição revista e ampliada)

Hoje eu começo a trabalhar fora.

É o segundo ano consecutivo em que isso me acontece. Deve ser o Acaso tentando me passar alguma mensagem – que eu me recuso a entender para não dar mole à ansiedade. Já há sinais demais por aí me acenando com um porvir desafiador.