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Banda Black Rio chega com Maria Fumaça a Florianópolis

Brothers, sisters, manos & minas de todas as cores têm encontro marcado nesta sexta-feira com a Banda Black Rio, em Florianópolis. O grupo carioca se apresenta pela primeira vez na Capital em show que marca os 40 anos da estréia, Maria Fumaça, presença garantida em qualquer lista dos maiores discos da música brasileira de todos os tempos. Além dos temas do álbum, a banda promete enfileirar músicas da encarnação atual, iniciada no final da década de 1990.


A retomada da Black Rio é liderada pelo William Magalhães, filho do fundador, o mestre Oberdan Magalhães. O herdeiro, hoje com 52 anos, lembra-se bem dos ensaios da banda no estúdio e na garagem da casa dos avós. Fascinado com o que ouvia, o moleque decidiu que seria músico. Mas, em vez de se inclinar pelo saxofone do pai, encantou com o piano tocado por Cristóvão Bastos.

– Eles ficaram um mês criando o conceito da banda, a ‘fusão antropofágica’ de samba com ritmos norte-americanos – diz.

Essa sonoridade, segundo William, já vinha sendo buscada por nomes como Raul de Souza & Impacto 8 ou, principalmente, Dom Salvador & Abolição – do qual Oberdan e outro integrante da Black Rio, o trompetista Barrosinho, fizeram parte. Com Maria Fumaça, no entanto, a mistura deu uma liga especial. A brasilidade movida a jazz, funk e soul desembocou em um balanço original e contagiante, a ponto de a faixa-título servir como abertura da novela Locomotivas, da Globo.

Após três discos, a morte do saxofonista, em 1984, interrompeu a trajetória do grupo. William seguiu carreira, fazendo parte da banda que acompanhava Gilberto Gil por 10 anos. Em uma das turnês com o baiano pela Europa, ele esbarrou com o vinil de Maria Fumaça sendo vendido em Londres por 100 libras (cerca de R$ 400). Sem se identificar, perguntou ao comerciante o que aquele disco tinha para ser tão valorizado.

– O cara disse que era coisa rara, uma banda com um som único, um samba-funk. Onde eu ia, as pessoas lembravam, enquanto no Brasil a Black Rio estava ficando esquecida. Então resolvi voltar com o grupo para difundir o material da banda – conta.

Revitalizada com uma rapaziada nova, a Black Rio lançou em 2000 o álbum Movimento e emplacou a música “Carrossel” nas rádios. Mesmo assim, continuou maior no exterior do que aqui: os trabalhos seguintes, Rebirth (2002) e Super Nova Samba Funk (2011, com participações de Gil, Caetano Veloso, Elza Soares e Mano Brown), saíram pelo selo inglês Far Out.

– O reconhecimento lá fora é mais consistente, está mais vinculado à cultura musical do que a modismos.

A banda preservou todos os arranjos da fase clássica, garante William. Mas também incorporou elementos mais contemporâneos, modernizando seu apelo para uma molecada que nem era nascida na época de Maria Fumaça. É essa turma hoje se mistura com o pessoal que sempre curtiu o grupo e transforma os shows em um encontro de gerações. Todos unidos pelo groove irresistível da Black Rio.

(coluna publicada hoje no Diário Catarinense)

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