(coluna publicada hoje no Diário Catarinense)
Em 1993, a revista Bizz listou as 20 pessoas mais poderosas da música brasileira. Entre executivos de gravadoras que podiam lançar um disco em milhares de lojas pelo país inteiro, profissionais de rádio capazes de colocar um single nas paradas e empresários munidos de todos os esquemas para promover a banda, um nome resplandecia, inquestionável, na liderança do ranking: Mariozinho Rocha. Quem? O diretor musical da Rede Globo, responsável pelos trilhas sonoras das novelas da emissora.
Passados 21 anos, quase tudo mudou. A revista deixou de existir. Nenhum artista com o mínimo de noção conta (apenas) com o tripé gravadora-rádio-empresário para distribuir, divulgar e negociar música. Duas coisas, porém, permanecem inalteradas. Uma é emplacar o tema da abertura ou de algum personagem de um folhetim exibido em horário nobre, que continua sendo um dos jeitos mais eficazes para apresentar um artista às massas ou oxigenar carreiras claudicantes.
A outra é o sujeito que escolhe tal canção para ser ouvida pela mesma audiência, ao mesmo tempo, em milhões de lares. Sim, Mariozinho Rocha. Se a lista fosse refeita hoje, o responsável por Beatles (na voz de Dan Torres), New Order e Chic embalarem, respectivamente, Império, O Rebu e Boogie Oogie teria lugar garantido nas primeiras posições. Ao seu lado, chefes de marketing de empresas que bancam álbuns e turnês via renúncia fiscal e de compositores neossertanejos. Baita evolução.
A propósito, tem banda catarinense que já figurou na trilha sonora não de uma, mas de duas novelas. Foi o Stryx, de Florianópolis, presente com “Estou de Volta” em Araponga, de 1990. No ano seguinte, a Sony lançou o disco do grupo – de onde o dramalhão Rosa Selvagem, do SBT, pegou a faixa “Nu de Corpo e Alma”. Apesar da exposição, reforçada por constantes aparições em programas de TV, o quinteto se dissolveu logo depois de dar certo. Sua história ainda vai ser contada com a atenção que merece.
Baú de novidades
Quando a gente acha que não há mais o que desencavar da década de 1980, o pós-punk volta à ordem do dia com o Total Control. O segundo disco dos australianos, Typical System, soa formal como o cultuado Wire, sem abdicar do senso de diversão doentio característico do Devo. A combinação chega ao ápice em “Black Spring” e “Flesh War”, obrigando novas redescobertas para confirmar as melhores referências.
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