(coluna publicada hoje no Diário Catarinense)
Ela participou de discos dele. Ele produziu o mais recente disco dela. Seis anos de parceria artística e conjugal depois, o casal mais visado da música nacional acaba de ganhar seu primeiro filho. O rebento chama-se Banda do Mar e nasceu com 12 canções. De Mallu Magalhães, herdou o frescor. De Marcelo Camelo, a serenidade. De ambos, um atávico apelo pop. Não poderia haver presente melhor para o 22º aniversário da mãe, comemorado exatamente hoje. Mas é o pai quem tem mais motivos para festejar.
Na mesma idade que a virginiana, Camelo viu seu grupo Los Hermanos estourar em todo o país com Anna Julia na virada do século. Desde então, enquanto sua garota se firmava e era louvada pela crítica a cada álbum, ele nunca mais conseguiu deixar de se explicar. Primeiro, por renegar o sucesso. Já em carreira solo, por recusar o papel de “porta-voz” de sua geração. Imagine o fardo para um cara que não esperava nem queria se tornar ícone de porcaria nenhuma, muito menos da insuportável MPB universitária surgida sob sua influência.
Pois a Banda do Mar periga livrá-lo dessa encheção de saco. Protegido pela simpatia que Mallu desperta e pela curiosidade em torno do outro integrante (o baterista português Fred Ferreira), Camelo está à vontade. Seja para se tornar acessível novamente em “Hey Nana”; seja para acompanhar as deliciosas bobagens “Mais Ninguém”, “Muitos Chocolates” ou “Mia”, cantadas por ela. Tudo muito familiar, simples e doce, como – isso é um elogio – um comercial de margarina indie.
Nova só no nome
Quinto trabalho em estúdio de Bebel Gilberto, Tudo mantém-se no caminho inaugurado em 2001 com Tanto Tempo. Como ninguém procura o diferente em 2014 na filha de João e Miúcha, não há nada de errado nisso. Sendo assim, os fãs vão relaxar com a bossa que de nova só tem o nome na autoral “Nada Não” e nas releituras de “Vivo Sonhando” (Tom Jobim) e “Saudade Vem Correndo” (Luiz Bonfá). Ainda bem: no pouco que se arrisca fora de sua zona de conforto, a cantora comete uma versão embaraçosa de “Harvest Moon”, de Neil Young.
À benção, tio Ozzy
No extremo oposto, o Pallbearer atropela qualquer sutileza em seu segundo disco, Foundations of Burden. O lance aqui é da pesada, ponto. Sem verniz para acrescentar rótulos à sua música além do metal, o quarteto americano arrasta-se em velocidade paquidérmica com jamantas que passam de dez minutos, como “The Ghost I Used to Be”. Coisa de guri que ouviu Sabbath demais e até hoje não se recuperou. Sempre haverá algum.
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