O novo disco de Björk estava previsto para março, para coincidir com a retrospectiva da carreira da cantora que o Museu de Arte Moderna de Nova York exibirá a partir do dia 7 daquele mês. Até a internet estragar os planos. Cada vez mais recorrente, o vazamento das músicas na rede fez com que o lançamento oficial fosse antecipado. A versão digital de Vulnicura está à venda desde o dia 20 e soa incomum, como a islandesa vem progredindo álbum após álbum. O sentimento que permeia a obra, contudo, é a popular fossa.
Corações partidos sempre alimentaram o pop. De Bob Dylan a Caetano Veloso, de Beck a Otto, não são poucos os músicos que gravaram discos em torno de suas desilusões amorosas. O fim do relacionamento com o artista plástico Matthew Barney, com quem tem uma filha de 12 anos, surtiu o mesmo efeito em Björk. Em tese, as baladas arrastadas, revestidas com cordas e discretas intervenções eletrônicas, retratam a experiência pessoal da cantora – exposta no título, junção das palavras latinas “vulnus” (ferida) e “cura”.
Na prática, o conceito prevalece sobre a dor. Seis das nove faixas vêm com indicações de quando foram compostas, tendo a separação conjugal como parâmetro. Essa “cronologia emocional” que começa com “Stonemilker”(nove meses antes) e termina com “Notget”(11 meses depois) não muda muito o jeito com que Vulnicura é percebido. O bacana é descobrir que, aos 49 anos e muito mais identificada com as cabecices da vanguarda do que com a música comercial, Björk também sofre por causa do bofe. Que nem uma suburbana qualquer.
Batidas reais
O que falta no próximo disco de Madonna sobra na compilação que a revista inglesa Mojo montou para a edição com ela na capa. Batizada como Change the Beat, a coletânea abrange representantes da cena dance de Nova York na década de 80, onde a jovem que sonhava em se tornar uma estrela caiu em suas primeiras gandaias. ESG, Bush Tetras, Section 25 e Singers & Players são alguns dos selecionados. Com tanto funk, pós-punk e no wave para derreter na pista, não é de estranhar que na época a futura rainha do pop esquecesse até de se depilar.
RÓTULO DA HORA ||||||| CARIMBSTEP
A inusitada fusão de carimbó com dubstep aparece na música homônima de Om’Dub, disco de estreia de Marcelo Vig. Como baterista, ele tocou no esquecível Tantra nos anos 90 e já trabalhou com Eminem, Avril Lavigne e Will Smith, entre outros menos cotados. Solo, investe na junção de ritmos brasileiros com eletrônica - aquele papo de tambor com sintetizador e tal. A proposta, meio manjada, funciona também em “Phat Samba”, mas o resultado final é bastante irregular. O álbum foi bancado via crowdfunding (a boa e velha vaquinha) na plataforma Embolacha e lista o nome de todos os apoiadores no encarte.
(coluna publicada hoje no Diário Catarinense)
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