Só se fala no novo documentário sobre os quatro rapazes de Liverpool, que não vi porque outros ratos bateram minha carteira antes do streaming do Mickey. Quis o destino que o filme estreasse às vésperas dos 20 anos da morte do beatle George, completados nessa segunda. Aproveitei que estava com a mão na massa e fui pesquisar o que escrevi na coluna de 4 de dezembro de 2001, a primeira terça-feira depois do passamento.
Fazia outros 20 anos, quase 21, que a humanidade não acordava com a notícia de que um dos quatro rapazes de Liverpool morrera. A primeira – e até a quinta-feira em que George Harrison partiu, a última – tinha sido em 9 de dezembro de 1980, quando John Lennon foi assassinado. Uma pegou todos de surpresa, outra permitiu alguma preparação.
Enquanto a morte de Lennon deixou um grande “por quê?”, a de Harrison mereceu diversos “que pena”, “parou de sofrer” e “foi melhor para ele”, entre outros clichês resignados. Vítima de um câncer que o fustigava desde 1997, o guitarrista expirou com a mídia em alerta. Seu obituário já estava pronto, restando apenas as lacunas para a data e a causa.
Vi uma foto dele careca, já debilitado pela quimioterapia, mas a imagem que ficou em minha memória foi a do beatle místico, que ainda não tinha tocado guitarra para a versão em inglês de “Anna Julia”. Chutei que não levaria outras duas décadas para a gente chorar por Paul McCartney e Ringo Star. Que bom que errei.
Tomara que demore bastante para que sobre apenas um deles. Se Ringo, mais velho, outra vez contrariar a lógica e for o último sobrevivente, poderá recontar toda a história dos Beatles. Como revelar, por exemplo, que ele que compôs “Hey Jude”, “Help” ou “Something”.
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