20190709

Triste do país que não valoriza seus verdadeiros heróis

Há exatos 20 anos, quando o que de pior o futuro nos reservava era a possibilidade de uma pane mundial nos computadores por causa do bug do milênio, um porteiro inscreveu o nome na galeria dos heróis desconhecidos do país acostumado a negar sua vocação para a grandeza. Por volta de 12h30 daquela sexta-feira, a rotina de José Nilson Gonçalves na recepção do prédio onde trabalhava em Ipanema, no Rio de Janeiro, foi interrompida pelo intruso que ameaçava os banhistas entre os postos 8 e 9 da praia: um tubarão-azul.

Em vez de permanecer a salvo em terra, como qualquer pessoa ordinária faria, o porteiro não hesitou. Entrou no mar e matou o bicho de 1,70 metro e 45 quilos A SOCO. Depois de posar para fotos orgulhosamente exibindo sua presa, ainda vendeu a carne do peixe a R$ 3 o quilo. A façanha ganhou a capa de O Globo do dia seguinte, Verissimo escreveu uma bela crônica a respeito e Gonçalves voltou para sua vidinha. Mas, enquanto houver brasileiros como ele, sempre dará para acreditar na nossa capacidade de vencer qualquer adversidade.

Senão no diálogo, na porrada.