20101214

Aos poucos, tudo volta ao seu lugar

Foram dois meses e meio dedicados à CAMURÇA e à livre iniciativa. Mas os tambores que não param de ecoar de Lubumbashi à Azenha avisam: é chegada a hora de dar um basta neste INTERREGNO que já ultrapassou até as regalias da magistratura. Sendo assim, cumpre informar que a partir de hoje este VEÍCULO passa a ser adiado com a regularidade de sempre. Não desista, porque a qualquer momento você pode encontrar uma surpresa. Afinal, o ano novo está aí, fornecendo o pretexto para a já tradicional lista de músicas & truques de 2010. A gente se fala.

20100930

Menos 353 dias



Esbarrei com ela em minhas peregrinações virtuais à procura de argumentos para fomentar a franco-atiradoria criativa. Já li fontes reputadas a descreverem como “o que o Mark Ronson gostaria de fazer em seu badalado disco de estreia, se não estivesse tão preocupado com os formadores de opinião” ou “um tíquete para o tempo em que a juventude acreditava que iria encontrar diversão EXTÁTICA entrando para alguma comunidade hippie”. Para você ver como quatro minutos sobre fossa podem despertar um mundaréu de sensações desencontradas e, até, prazerosas – se ainda houver um sol anunciando a chegada do verão.

A contagem aqui é outra, mas achei essa coisinha quente o suficiente para entrar na lista do Mumu.

GRAFFITI 6, Stare Into The Sun

20100923

Como tem passado


Se não é a vontade, é o tempo.

De um dia para outro, minha espaçosa agenda foi tomada por compromissos que, em um passado longínquo, eu consideraria como sinais inequívocos de minha inexorável ascensão profissional. Calejado pelas vicissitudes do ofício, não me iludo mais a esse ponto. Esperança é só um nome bonito para sobrevivência. Continuo andando sem saber se vou chegar aonde.

Tudo o que tenho BATUCADO no teclado desde a última vez em que pude parar para contemplar a subida da lama vem sendo religiosamente publicado. Tantas vezes clamei por ritmo e, bem, ele está aí: constante & funcional. Não deixa de ser um alívio não precisar pensar em outra desculpa.

Keith Richards costuma dizer que os Rolling Stones ainda estarão na ativa quando as piadas dos seus detratores perderem a graça. Eu também – quando ninguém mais estiver ouvindo suas preces ou acreditando em suas promessas. Agora deixa eu ir ali caçar a pauta de hoje.

TARÂNTULAS, Saiba Ser Feliz

20100922

Palavras que só a literatura sabe que existem

“Em um de seus últimos livros, The Working Brain, Luria dedicou uma seção breve mas tantalizante às síndromes do hemisfério direito, que terminava com as seguintes palavras:”
(O Homem que Confundiu sua Mulher com um Chapéu, de Oliver Sacks)

tantalizante
tan.ta.li.zan.te
adj Que tantaliza.

tantalizar
tan.ta.li.zar
vtd 1 Atormentar com alguma coisa que é oferecida, mas que, na realidade, é inatingível. 2 Provocar desejos irrealizáveis.

Eu achava que tinha alguma coisa a ver com “tantã”. Não estava de todo errado. Quem é fissurado, sabe.

20100809

Menos 301 dias

Photobucket
Pensamento Mágico.

FREE, All Right Now

20100723

Atualização

Prefiro jogar xadrez online.

20100705

20100610

Minimalismo super-heroico

Photobucket
[via BuzzFeed]

20100604

Menos 235 dias

Photobucket
Sem nenhum motivo que não o Acaso Divino, Jimmy Page me aparece com sua roupa de dragão, Robert Plant me é anunciado como “o cara selvagem da terra do carvão”, John Paul Jones me mostra que as águas calmas são também as mais profundas, John Bonham me sorri depois do esmurrar a bateria no solo que antecede “Moby Dick”.

Primeiro, o chapa Marcos E insistiu para que eu pegasse emprestada a biografia Led Zeppelin – Quando os GIGANTES Caminhavam Sobre a Terra, lançada no ano passado. Estou na parte em que a banda ainda voava na classe turística, usava o plano de fidelidade das companhias aéreas para conseguir descontos e, quando possível, viajava à noite para economizar em hotéis durante sua primeira turnê pelos Estados Unidos, antes mesmo de o seu disco de estreia chegar às lojas californianas. À medida que os shows vão transcorrendo, fica cada vez mais evidente que todos serão muito bem recompensados por ter passado o Natal e o Réveillon de 1969 longe de casa.

No dia seguinte, outro amigo chega de Nova York e me regala com Mothership, coletânea em CD duplo mais DVD com vários trechos ao vivo do grupo. Compilar o Led Zeppelin sempre causa controvérsia, tamanha a quantidade de sonzeiras supremas descartadas por falta de espaço – como o exemplar abaixo, que até hoje me deixa com saudade do que não vivi. Mas aí a culpa não não é de ninguém, só minha.

LED ZEPPELIN, Dancing Days

20100531

Menos 231 dias


O lançamento em CD da trilha de Shorty The Pimp em 1998 veio acompanhado de uma série de factoides. O filme foi cancelado antes de concluído; o único copião disponível acabou nas mãos de Quentin Tarantino; a maioria das músicas saiu em compactos em 1973. De certo, mesmo, é que seria classificado como blaxploitation (protagonistas negros + baixo orçamento + temática policial) e que, se tivesse a pegada da faixa-título, poderia concorrer a algum Oscar do gueto – nas categorias “Melhor Traquejo na Quebrada”, “Malandragem Mais Glamurosa” e menção honrosa em “Paraíso dos Gângsteres”.

DON JULIAN & THE LARKS, Shorty The Pimp

20100527

Menos 227 dias

(resenha publicada na revista Bizz #191, junho de 2001)

Difícil dizer como Shuggie Otis seria classificado hoje. Talvez sua música nem tivesse lugar no mercado atual, ou seria colocada entre Prince e D’Angelo. Em 1974, o problema foi o mesmo. Depois de três anos de lapidação, o segundo disco do californiano ganhou as lojas sem saber em que prateleira deveria ficar. As comparações, pelo menos, eram melhores: Marvin Gaye, Curtis Mayfield, Sly Stone. A reedição em CD (acrescida de três canções da estréia, Freedom Flight, de 1971) mostra a razão de tamanho alvoroço em torno do rapaz. O rótulo que Inspiration Information costuma receber – soul psicodélico – só simplifica a fluidez com que Shuggie vai do soul ao R&B, do funk a um certo ar “alternativo”.

Logo na abertura, com a faixa-título, o artista californiano desfila um balanço suave, com a lisergia na dose “boa viagem”. O estado continua sossegado com um suingue leve aqui (“Sparkle City”), um ritmo programado para dançar juntinho ali (“Aht Uh Mi Hed”). Para descolar o corpo, as levadas sofisticadas de “Not Available” e “Strawberry Letter #23” (esta, de seu primeiro disco), que fez sucesso em 1977 pelas mãos dos Brothers Johnson. Mas Shuggie usa outros meios para proporcionar o mesmo relaxamento, como em “Pling!”, “XL-30” e “Rainy Day”, feitas de paisagens sonoras tão eletrônicas quanto bucólicas – daí se entende por que Tortoise e Stereolab o apontam como influência.

Diante da fartura de inspiração, os Rolling Stones não perderam tempo e convidaram Shuggie para substituir Mick Taylor. Como bom torto, ele recusou. Assim como disse não às ofertas para integrar o Blood, Sweat & Tears e o Emerson, Lake & Palmer. Pouco depois, devido ao fraco desempenho do disco, foi dispensado da gravadora e se retirou da cena (rumores apontam para complicações com drogas) para sempre. Agora vem o detalhe: quando finalizou Inspiration Information, no qual cantou e tocou guitarra, piano, órgão, baixo e bateria, Shuggie tinha apenas 22 anos. Atualmente aos 48 e excitado com a repercussão bombástica (ainda que tardia) de seu trabalho, pensa em reunir uma banda e voltar a fazer shows. Vai fundo, tio.

SHUGGIE OTIS, Inspiration Information

20100510

Menos 210 dias


A pedidos, Mayer Hawthorne retorna com mais uma aplicação efetiva & afetiva de seu falsete liberal. É um cover de James Pants, outro branquelo com melanina excedente na alma. Saiu em um single no qual seu colega de gravadora, em retribuição, canta “Green Eyed Love”. Fiel ao estilo que o consagrou (pelo menos neste VEÍCULO), Hawthorne troca os timbres espaciais do original por um pianinho martelado na medida para não rivalizar com seus vocais, deixando tudo mais acolhedor.

MAYER HAWTHORNE, Thin Moon

20100430

Ilusão de movimento

Photobucket

Fenaquistoscópio (melhor nome) criado pela artista, musicista e designer de Los Angeles Kelly Coats em ação. [via Neatorama]

20100423

Inspiradões

Photobucket
[via Desculpe a Poeira]

20100420

Doze músicas de 2009:
1) THE REELING, Passion Pit



Não é a melhor nem do disco. É outra fita. As vacilações do quinteto americano são familiares, mas regidas por outro sistema de pesos e medidas. Nada se fixa, tudo adere com inteligência e imperfeição, gentileza e VIÇO. “Alegria da juventude”, dublou a garota da pista, levantando os braços entre os ganidos aveludados de “oh, no” do refrão. Acho que era um remix, não lembro qual. Ela nem notou. Não, não tenho certeza se ela percebeu ou se rolava algo diferente. Também não é para tanto, apenas um breve indulto para suspirar mais alegre e mais jovem. Ou disfarçar bem pelo resto de 2009, pusta ano (in)tenso.


(extraída do disco Manners)

20100414

Doze truques de 2009:
1) TWIN OF MYSELF, Go! Team Remix



O Go! Team acaba com o papo de que o torpor proporcionado pelos três minutos e meio do onirismo sônico original depende do mood do ouvinte. O remix do sexteto inglês traz só felicidade, movida a tecladinhos pueris, alguma intervenção no vocal e batida mais rápida. A indução é inequívoca: campos verdejantes, flores, um piquenique sobre uma toalha em tye dye e outros clichês de quem sabe que é melhor ser alegre do que ser triste.

20100412

Doze truques de 2009:
2) EASIER, Does It Offend You, Yeah? Remix



Em sua última menção por aqui, os britânicos do Does It Offend You, Yeah? estavam envolvidos em um mashup que bateu todos os recordes de downloads deste VEÍCULO. Sua volta deve-se à turbinada que deram na banda novaiorquina Zambri. A única música que presta do quinteto liderado pelas irmãs Jessica e Cristi Jo teve suas guitarras reforçadas, sem disfarçar sua inata inclinação oitentista. Assim, fica bem mais fácil se descolar.

20100408

Doze músicas de 2009:
2) TWIN OF MYSELF, Black Moth Super Rainbow



Talvez o aspecto que mais aproxime o Black Moth Super Rainbow da psicodelia com que é rotulado seja a capacidade de sua música de acentuar o estado de quem a escuta. Se está triste, encara a atmosfera da banda como uma passagem só de ida para o abismo. Se está alegre, desfruta de cada acorde, cada efeito, cada repetição como um lenitivo que torna a realidade ainda mais doce. Às vezes, oscila – e aí é que reside seu maior barato.


(extraída do disco Eating us)

20100329

Doze músicas de 2009:
3) 11TH DIMENSION, Julian Casablancas



Tão logo vazou, mostrei a um fã da banda. “Ah, mas não é nem um pouco parecido com os Strokes”, disse o indie temporão, em dúvida se gostava ou não do que ouvia. Eu ia explicar que era justamente por isso que o primeiro single da estreia solo do rapazola parava em pé. Não o fiz porque seria um exagero inútil, que iniciaria outra discussão estéril. E eu gosto de sintetizadores em estéreo, de pop grudento e de trocadilhos bestas.

(extraída do disco Phrazes for the Young)

20100324

Mora na filosofia

Photobucket

Doze truques de 2009:
3) ZERO, RAC Remix



Remixes costumam ser elogiados ao modificarem radicalmente a música sobre a qual se debruçam. O que dizer, então, de uma versão quase fiel ao single campeão do Yeah Yeah Yeahs? No mínimo, que André Anjos tomou a atitude mais sensata. Um dos tripés do coletivo de produtores, o português radicado nos EUA pouco acrescenta à concepção de Karen O e seus asseclas. Ué, se já era tão bom assim, para que mexer? Ah, não enche.

20100322

Doze truques de 2009:
4) GIRLS ON FILM FREAK OUT, DJ Magnet



Em um ano marcado por mashups chumbregas com matrizes mixurucas, resplandeceu a bastardia do imantado DJ americano. O pirata ignorou a parada atual e foi direto nos clássicos, usando Chic e Duran Duran como matéria-prima para sua ourivesaria pop. A combinação flui tão bem que, quando a vocalista Alfa Anderson passa a replicar os versos de Simon Le Bon, o ouvinte já se entregou. A pista, embevecida, engrossa o coro.

20100317

Doze músicas de 2009:
4) YA YO SE, Chico Mann



Ele já deu as caras por aqui remixando Curumim. Quando descobri que se tratava do alter ego do guitarrista do Antibalas, ficou muito evidente de onde vinha aquela pajelança afrolatina com insinuações eletrônicas. Na pele de Chico Mann, Marcos Garcia pende mais para os trópicos de seus ancestrais, patrocinando um embalo saleroso que soa urbano e moderno sem perder suas conexões telúricas. Para ouvir e exclamar: ¡Que chevere!.


(extraída do disco Analog Drift: Muy... Esniqui)

20100315

Doze músicas de 2009:
5) MUM, Marina & Soko



Em resenha sobre o disco do Bonde do Rolê na derradeira edição da revista Bizz, escrevi que a posteridade agradeceria se o trio “desaparecesse logo em seguida, com pelo menos dois de seus três integrantes levando uma vida pacata longe dos holofotes”. Devia ter previsto que a vocalista Marina sairia da banda e só reapareceria flertando com outra picareta por cima de uma base que já funcionou até com o Barão Vermelho. Errei.


(extraída do single Mum)

20100312

Doze truques de 2009:
5) NO YOU GIRLS, Foamo Remix



Alex Kapranos apregoa que garotas não sabem nem nunca saberão como fazem um garoto se sentir. Kye Gibbon que o diga. Aos 22 anos, o DJ e produtor inglês sentiu-se totalmente avontz para levar o hit do Franz Ferdinand a um estado que amplifica a confusão do macharedo juvenil em volta da pista. A guitarra ficou reduzida a isso? Quando entra o vocal? É música eletrônica? Quem matou Bambi? Relaxa, vai! Afinal, garotos não se importam.

20100310

Doze truques de 2009:
6) LITTLE SECRETS, Hey Champ Remix



O trio de Chicago não se intimidou diante de uma das delícias do disco de estreia do Passion Pit e revelou os segredinhos para todo mundo. Nivelou o que estava quebrado, podou o que julgou excessivo, facilitou o que parecia complicado. Do processo emergiu um bálsamo que dispensa indicações para despertar sensações altaneiras. É deixar o princípio ativo agir e entender por que a criançada continua flanando “higher and higher and higher”.

Anotações de leitura

“É melhor ficar em silêncio e deixar as pessoas pensarem que você é um idiota do que abrir a boca e confirmar essa impressão.”

(Se Você Gostou da Escola, Vai Adorar Trabalhar, de Irvine Welsh)

20100305

Sempre o último a saber

Photobucket

Adorei o “super-dupla”.

20100226

Doze músicas de 2009:
6) NIGHT BY NIGHT, Chromeo

Bastou o Chromeo reaparecer com coisa nova, o que não fazia desde 2007, para cravar seu lugar na seleção do ano. A vaga foi conquistada a golpes de sintetizadores, vocoders e um extemporâneo solo de guitarra – nada muito diferente do que a dupla dos canadenses já havia realizado, mas com resultados acima da média na missão de revestir a pista com canalhice sadia e caricata. E tem gente que ainda prefere o rebolation.

(extraída do single Night by Night)

20100224

Doze músicas de 2009:
7) WALKING ON A DREAM, Empire of the Sun



E eis que é chegada a hora do falsete liberal nesta ÍNCLITA retrospectiva. Desta feita, a dignidade do exército dos homens de voz fina é defendida por uma dupla australiana armada com um pacote completo para testar a tolerância: nome, figurino, penteado, apelo, timbres e demais remissões homobregas que o Pop, em sua infinita flexibilidade, redimiu sem medo de dar ainda mais bandeira para o desvario atual. É muita explanação.


(extraída do disco Walking on a Dream)

20100217

Doze truques de 2009:
7) BLUE SKIES, Twelves Remix



Noah and the Whale é uma banda inglesa que causou certa comoção com sua música sensível, delicada, inocente, melancólica e outros adjetivos usados pela molecada – em cumplicidade com artista, mídia & mercado – para justificar sons mais caretas do que seus pais. Nas mãos da dupla carioca Twelves, esse pão-com-molho encontrou a pimentinha que o salvou da insipidez. Temperado, virou um belo canapé para abrir qualquer festa.

20100210

Menos 120 dias

Do Peixoto, o pouco que sei é que se chama Eduardo Faiguenboim e milita na Sensacional Orchestra Sonora. Mas do Maxado eu tenho as melhores referências: na pele de Felipe Machado, compõe e canta no Firebug, uma das raras bandas brasileiras de reggae que não causam vergonha alheia. No metade do ano passado, os dois se internaram com uma racinha em um sítio na região de Jarinu (SP), encheram a cabeça de aromas e pariram um material regado a jamaiquismos de todas as épocas. Uma amostra do que vem por aí é esse skazinho carinhoso que a dupla aplicou em um Caetano Veloso safra 1971, transportando o baiano de Londres para algum bailão de Kingston.

PEIXOTO & MACHADO, Maria Bethania

20100208

Doze truques de 2009:
8) LOSE YOU, Slash Fiction Remix



Produzida pelo Simian Mobile Disco, Peaches ficou menos bagaceira e mais eletrônica. Remixada pelo Slash Fiction, a faixa da canadense tornou-se mais sexy. A dupla angelena desossou o original, abusando de pausas e vazios para desembocar em sintetizadores que resvalam perigosamente entre o tecno baba e o digital-chic. Embora os anos zero-zero estejam aí para embaralhar conceitos antes excludentes, sou mais a segunda opção.

20100203

Doze músicas de 2009:
8) MAYBE SO MAYBE NO, Mayer Hawthorne



Mayer Hawthorne começou 2009 cheio de amor para dar e receber. Havia lançado um single daqueles de arrepiar a medula, que prenunciou um disco no qual reafirmava suas qualidades como EXEGETA de um soul que ninguém mais sente ou tem coragem de sentir. Não sei se o ano destinou ao jovem senhor de Detroit tudo o que ele merecia. Aqui, pelo menos, registra-se o devido reconhecimento ao carinho com que sempre tratou os mais velhos. De novo.


(extraída do disco A Strange Arrangement)

20100201

Doze músicas de 2009:
9) WHEN THEY FIGHT THEY FIGHT, Generationals



A estreia da dupla de New Orleans foi saudada – pelos indies – como o Disco do Verão no hemisfério Norte. A ideia que essa gente faz da estação está envolta em uma maresia sessentista, na qual mocinhas vestem recatados biquínis, rapazes pegam onda de pranchão e não há sunset parties patrocinadas por cervejas ou celulares. Nessa praia, corinhos emprestam ingenuidade a um pop solar que vence até o fator 80 do bloqueador espalhado na pele cor de leite.



(extraída do disco Con Law)

20100127

Doze truques de 2009:
9) DIE SLOW, Tobacco Remix



A barulheira dos californianos do Health é manipulada por Tobacco como se fosse uma rapsódia ácida de sua banda, Black Moth Super Rainbow (guarde esse nome). O cancerígeno trocou os guinchos das guitarras por camadas de teclados, adotou uma batida insinuante e disparou rajadas de ecos onde antes havia apenas desolação. Poderia ser confundido com Primal Scream da virada do século, mas é apenas o fumo fazendo bem à saúde (sacou?).



20100121

Doze truques de 2009:
10) AROUND THE WIG, DJ Zebra



Os vocais vêm de “Around the Bend”, ronronados pela gracinha dinamarquesa já reverenciada aqui. O instrumental desse mashup assinado pelo francês listrado é que permanece uma incógnita. Abre com um teclado que parece de “Oye Como Va” (versão Santana) e depois quebra em uma onda refrescante ora informada como sendo de Bakchich (?!), ora como de “A” Class (?!?!). Desencanei do Google e fui curtir o efeito BRISANTE da proposta.

20100118

Doze músicas de 2009:
10) HEAVEN’S LIGHT, Air



Ninguém escuta Air atrás de novidade. Com menor ou maior competência, os franceses vêm fazendo o que deles se espera desde que sua estreia, em 1998, construiu uma imagem de sofisticação escorada por timbres futuristas do passado, eletrônica light e traje esporte fino. Essa combinação só se sustenta até hoje porque, volta e meia, resulta em uma canção que consegue traduzir o amor, a imaginação e o sonho cujas iniciais batizam a dupla.


(extraída do disco Love 2)

20100115

Bodas de algodão

Exatamente hoje este VEÍCULO completa dois anos na ativa.

É motivo de júbilo & regozijo constatar que, mesmo depois desse tempo todo, o princípio que norteou sua fundação permanece indiscutível, inabalável, intransponivel: jamais aceitar PLATA de petrolíferas, laboratórios farmacêuticos, montadoras de automóveis, escritórios de advocacia, bancos, empreiteiras e empresas de planos de saúde.

Restou o governo.

Doze músicas de 2009:
11) WHO FINGERED ROCK ‘N’ ROLL, Cornershop



Aquele Cornershop do disco When I Was Born for the 7th Time que você (não) conheceu em 1997 mudou muito. Os dois únicos trabalhos que a banda de Tjinder Singh lançou de lá para cá estenderam a conexão Índia-Inglaterra para os terrenos da eletrônica e, com mais afinco, do rock festivo vintage. É com o sabor dessa última levada, preservando uma cítara para certificar a origem do produto, que a “loja de esquina” vem servindo bem para servir sempre.


(extraída do disco Judy Sucks a Lemon for Breakfast)

20100113

Doze truques de 2009:
11) WEST END GIRLS, We Have Band



Foi preciso que uma bandeca regravasse Pet Shop Boys como lado B (ainda existe isso?) de um single para provocar todo um revisionismo histórico-afetivo. As tias são legais – e trouxa era quem dava mais valor a dogmas do que ao tecnopop redondinho que automaticamente enchia a pista nas dominguerreiras. Mas nunca é tarde para curtir o que a vida oferece de melhor sem se importar com o passado ou com a razão. Sem rancores, pliz.

20100110

Doze truques de 2009:
12) THRILLER, Louis La Roche Remix



A carcaça de Jacko ainda servia de repasto para os vermes quando este remix apareceu nos inúmeros tributos que pipocaram pela rede. O autor da peça chama-se Brett Ewels, londrino que tira onda com nome francês. Do alto de seus 19 anos, ele dificultou a identificação da música até a entrada triunfante de Vincent Price – aí você começa a reconhecer o groove original, os vocais alterados, o refrão por baixo dos efeitos. Ah, moleque!

20100103

Doze músicas de 2009:
12) STILL STANDING, Hilltop Hoods



Faz tempo que eu TAMBÉM não tenho mais o menor saco para rap. Mas o Hilltop Hoods mostrou que o bode é com os extremos do estilo, do comercial-farofa para os playbas às abstrações para o mano-cabeça. O trio australiano professa a fé no ritmo e poesia de quando o flow valia mais do que a pose. Tem batida reta, refrão para quebrar a resistência e o clássico reggae “Your Teeth in My Neck” sampleado na introdução. Assim dá gosto.


(extraída do disco State of the Art)

20100102

Só queria alegria

Devido aos insistentes pedidos de vozes que já são tratadas como velhas conhecidas, graciosamente oferecemos a trilha sonora com que brindamos um lance aí que estava todo mundo brindando. Apesar de uma ou outra recaída, na maior parte do tempo o processo transcorreu de forma cordial e serena. A estimativa é de no mais tardar até o próximo SOLSTÍCIO adotar um regime de liberdade controlada para “sair, ver gente, conhecer pessoas, dar risada”. Sem mimimi.


01 Impact All Stars - Just Another Dub
02 Chico Science & Nação Zumbi - Amor de Muito
03 The Now Generation - People Make the World Go Round
04 Ozzy Osbourne - Bark at the Moon
05 Red Hot Chili Peppers - Blood Sugar Sex Magik
06 Death In Vegas ft. Liam Gallagher - Scorpio Rising (The Scientist Mix)
07 Wado - A Linha que Cerca o Mar
08 Pepeu Gomes - Fazendo Música, Jogando Bola
09 Marcos Valle - Nem Paletó nem Gravata
10 Judas Priest - You're Got Another Thing Coming
11 Titãs - Go Back
12 Jimi Hendrix – Freedom
[faixa bônus] Jackie Mittoo - Darker Shade of Black