20080924

Desaforismo vespertino

“Seja suficientemente vago para parecer relevante.”

20080920

Boa notícia para a população carcerária

De hoje até a eleição, em 5 de outubro, nenhum dos 380 mil candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador pode ser preso nem detido, exceto se apanhado em flagrante. Aliviado com o artigo 235 do Código Eleitoral, o superlotado sistema penintenciário brasileiro agradece. Pelo menos dentro dos próximos 15 dias, os 308 mil detentos não correm o risco de ter de dividir a cela com algum dos integrantes desta seleta lista. Essa gente é muito barra-pesada.

20080919

Chega de maldade e ilusão

Movido por uma crise de leve desespero, desisti de esperar a ajuda do divino Deus e deixei o equilíbrio ir embora. Um, dois, três, quatro: a cada pergunta banal que respondia corretamente, acumulava pontos contra todos e contra ninguém em uma diversão que eu não conhecia bem. Na minha indecisão, nem vi que ninguém se importava com meu jogo. Eu tinha todo o tempo do mundo para ser feito de otário, mas não tinha para quem chorar e nem para onde ir. Nunca conseguiria vencer.

Nem me lembrava mais disso, até que informações ao meu dispor dão conta que o futuro não é mais como era antigamente. Quase tive um trelelê.

Fazia um bom tempo que o rock de Brasília não me despertava tanto interesse.

20080915

Momento crítico

Vai ter muita gente boa falando de coisa importante para a inexorável ascensão profissional dos colegas na sétima Semana de Jornalismo da Ufsc, que começou hoje e segue até o dia 19. E eu, expelindo teses rasas sobre crítica musical, na quarta-feira (17), das 9h ao meio-dia. Participo do negócio pela quarta vez, todas comprovadas pelo atestado em papel timbrado da academia e assinado pelo coordenador do curso. Deve ser algum tipo de recorde: passam os estudantes, passam os organizadores, passam os palestrantes e lá estou novamente, contando que a maior satisfação neste ofício é descobrir que uma resenha consegue estragar o café da manhã de Marisa Monte em Nova York.

A fim de escandalizar ainda mais os desavisados que se inscrevem para a atividade, neste ano resolvi me preparar melhor. Pesquisei a história, revisei conceitos, indiquei bibliografia. Mas nada do que eu apresente vai refletir com tanta fidelidade o que penso do que esta análise de Ricardo Alexandre. A partir de um fato isolado, o jundiaiense mais polêmico a despontar para a mídia nacional desde Cida Marques revela a série de equívocos que vêm permeando a relação entre artista e crítica no Brasil. A única diferença é que agora a arenga se via blog. Não deixa de ser um avanço.

De forma sucinta e precisa, Ricardo explica: "A imprensa alimenta o sonho, bobões". Do público e da própria imprensa, completaria eu. Porque quando respondíamos pela parte musical do extinto suplemento Zap!, do Estadão, o que publicávamos era movido por "ideais". Éramos, acima de tudo, crédulos: acreditávamos nos artistas e, principalmente, em um suposto poder atribuído ao que escrevíamos. Nossas críticas, imaginávamos, orientariam mercado, artistas e consumidores. Até que saiu uma pesquisa encomendada pelo jornal, em 1996, na qual nossos leitores elegeram Carla Perez como "artista do ano".

De lá para cá, minha trajetória tem sido uma cruzada pessoal e intransferível contra a realidade que insiste em destruir o que havia de mais precioso no jornalismo que eu praticava. Se artista e público abdicaram de sonhar, pior para eles. Por isso é que hoje fico muito mais satisfeito escrevendo sobre assuntos com os quais não me afino do que sobre a música que me é cara. Fazer crítica musical no Brasil é tentar dignificar uma bobagem ou, como Ricardo lembrou, uma piada em debate, citando o surreal quadro homônimo do programa TV Pirata.

Daqui da minha laje, recorro à comparação com o filme Boogie Nights. Lançado em 1997, retrata a ascensão de um jovem astro no cinema pornô dos anos 1970. Por mais toscas e explícitas que fossem as produções, os envolvidos acreditavam que estavam fazendo arte – até o advento do VHS na virada da década, que literalmente fodeu com tudo ao baratear o processo, provocando a explosão da oferta e o conseqüente (sem trocadilho) nivelamento por baixo.

Na música, o VHS é a internet. Só não sei se a analogia se aplica melhor à crítica (qualquer um publica a sua opinião), aos artistas (qualquer um compõe, toca e grava) ou ao mercado (qualquer um coloca seu disco à disposição na rede). Mas, independentemente de quem perca menos nessa briga, o papel de Dirk Diggler é meu e ninguém tasca. Enquanto eu atendo minha Rollergirl, curta esse som da trilha do filme.

WALTER EGAN, "Magnet & Steel"

20080907

Camiseta nova para vegetar no domingo #22

Photobucket
© Fancaria Creações

20080905

Cartas a um jovem blogueiro

Leia.

Releia.

Não, só pode ser trote. [Dica do Dauro]

20080901

Quando o demo te resenhou, ele tava te tirando

Você sabe que está bem perto do fim do arco-íris quando começa a semana recebendo um e-mail (que, por delicadeza, terá o seu remetente omitido) como o abaixo. Tomei a liberdade de destacar os trechos que mais me tocaram.

Sobre a crítica ao DVD do Armandinho, página 77, Revista Bizz, edição 203, julho de 2006, pág 77.

Caríssimo [meu nome], bom dia. Uma coisa é você fazer uma crítica, ainda que negativa, mas sem ofender o artista, nem seu público, e outra coisa é perder o respeito com o artista e o público. Se você não gosta de Reggae, então, não está apto a fazer uma crítica legítima e autêntica sobre o produto midiático. Já no começo do texto deixas claro o preconceito e desenterra sem sentido o fantasma da maconha, pois é sabido que é caso raro entre os artistas, aqueles que não fazem uso da planta. Por um acaso teriam que usar outra droga para fazer Reggae, como são usados narcóticos e álcool para compor outros ritmos. Você é que tem dificuldade de dissociar o gênero de certos estigmas, o que fica evidenciado pelo teu preconceito de não ver a questão como resolvida para eles, pois para você não está, e te grilas com isso, pois deixas de escrever o texto da crítica de maneira subjetiva para falar de um assunto que não te compete (a não ser que você fume também), pois é sobre música que eu quero ler.

Fiquei chocado com o que eu li, gostaria de saber se você é realmente crítico, jornalista, ou qual espécie de disparate? Para fazer o que tu fazes não se precisa de diploma! Fica nítida tua aversão ao ritmo Reggae e também tua miséria jornalística, denunciando um semi-profissional anti-ético e parcial. Como crítico você é um pangaré, quem dera fosse um maconheiro.

O Reggae não precisa provar nada, Bob Marley já provou tudo e projetou o ritmo mundo afora, sendo sucesso de crítica e público, e consagrado (cantor e ritmo) até mesmo pelo Rock and Roll. Você como crítico é um péssimo profeta de Jah, pois tua previsão foi pior que a crítica. Armandinho não é somente sucesso no Sul, ele é no país inteiro, com vendagem do DVD criticado de 40 mil cópias e 80 mil do CD, conforme site abaixo, que também trás uma crítica para te educar no ofício.

Nota: Por um acaso, esse domingo agora (31 de agosto), encontrei Armandinho passeando na Praia Brava, Itajaí, e parei para falar com ele. Foi a primeira vez que conheci ele pessoalmente, e é de uma simpatia desmedida e de uma humildade contagiante. Falei para ele da tua crítica e ele se lembrou dela da revista BIZZ, Ele disse que também não esperava a agressão que sofreu. Pra falar a verdade ninguém merece uma agressão gratuita como essa. Vai te tratar.
Caro leitor: não sei como revelar isso sem abalar suas convicções e semear a dúvida em seu coração, mas é que, er, tipo, digamos que... é tudo COMBINADO. Prontofalei.