Coming Up, PAUL MCCARTNEY (1980) | Ninguém mandou a Fox reprisar, em uma madrugada qualquer, “Lisa, a Vegetariana”, da temporada de 1995 dos Simpsons. Nessas de não comer carne, a chatinha acaba conhecendo Paul e Linda, notórios adeptos da soja, no terraço da loja de outro herbívoro, Abu. O episódio termina com o porco do churrasco de Homer nos ares, voando enquanto rola “Baby, I’m Amazed”, do beatle solo. Os créditos ainda passavam na tela e eu já estava procurado a coletânea de McCartney (Wingspan) para ouvir a canção inteira. Escutei, senti, DUBLEI. E, já que estava com o CD à mão, aproveitei para botar também uma daquelas prediletas há um tempão esquecidas. Hit absoluto, total e inapelável – disco music com a grife do gênio da raça, para a gente sempre lembrar quem é que domina esse negócio de pop, seja em que estilo for. Minha relação com proteína animal continuou a mesma ao longo do ano, mas a trilha sonora ganhou um achado e tanto.
To Look at You, INXS (1982) | Tem criatura que coloca o grupo australiano na categoria de guilty pleasure. Daqui da minha laje, só me resta lamentar pelo cidadão que renega seus tesouros da juventude em nome de uma atualização estética que, não se iluda, não apenas denuncia ainda mais a sua velhice como também o deixa caricato. Essa defesa ferrenha é para avisar que o mundo marcou ao descobrir a banda somente a partir do platinado Kick (1987). Cinco anos antes, Michael Hutchence e os irmãos Farriss já praticavam pop destinado aos litorais além da gigantesca costa australiana. Com direito a um certo clima de tristeza para que o calor venha mais quente.
Reeling in the Years, STEELY DAN (1972) | À simples menção de Steely Dan remete a ambientes elegantes, noturnos, sensuais; sensação incrementada por audições maciças de “Do it Again”, “Babylon Sisters” ou “Hey Nineteen”. Com “Reeling in the Years”, o cenário muda para uma estrada que, com a guitarra como guia, vai ficando cada vez mais sinuosa – o que não impede de se topar com uma silhueta pedindo carona no lusco-fusco do final de tarde. Chegando mais perto, a imagem se define: um umbigo de cabelos soltos, mochila nas costas e pulseirinha no tornozelo. Preciso reduzir.
A Dança, LEGIÃO URBANA (1984) | Como ninguém conhecia Gang of Four na época, o punk-funk do primeiro disco do (ainda) quarteto passava por coisa nova no incipiente rock nacional, mais preocupado em imitar o Police. O fato de nunca ser mencionada – muito menos gravada - em tributos caça-níqueis diz muito sobre a música que melhor envelheceu da banda, cuja verso até hoje encerra qualquer discussão eu-contra-o-mundo: “Mas você nunca dançou com ódio de verdade”.
Primitive Painters, FELT (1985) | Resquício do quarto disco da banda inglesa (Ignite the Seven Cannons) incluído no pacote de vinis lançados pela Stiletto no país na década de 1980. Apesar de desenterrado em uma coletânea baixada de bobeira, o duplo clique sobre o arquivo da música nada teve de aleatório, independentemente de quantas vezes a ação foi repetida. Afinal, não é assim que se trata um dueto com a celestial voz de Liz Frazer, dos Cocteau Twins.
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