20141205

Tempo de se conformar


(coluna publicada hoje no Diário Catarinense)

Banda como Smashing Pumpkins, que preguiça. Com mais de 20 e menos de 30 anos, ainda não fez a curva para ser considerada clássica nem para posar de vintage. É só... velha – na acepção “a fila andou” do termo. O grupo lança o nono disco no dia 9. Já é seu quarto álbum após voltar em 2007. Fosse o primeiro desde então, daria no mesmo. Por mais que siga oferecendo músicas novas, a banda está tão fora do contexto que passa a sensação de girar em um retorno contínuo, renascendo cada vez menor. A história que se vire com Monuments to an Elegy.

O Smashing Pumpkins merece crédito pelos discos que gravou entre 1991 e 1995, Gish, Siamese Dreams e Mellon Collie and the Infinite Sadness, dignos representantes do rock alternativo daquela década. Dali em diante, o negócio descambou, com o líder Billy Corgan cristalizando-se no modo xarope. Qual um Paulo Ricardo americano, ele se aventurou solo, inventou outra banda (Zwan), cercou-se de uma formação diferente por álbum. Não há marca que resista a tanto desgaste, mas o careca dobra a aposta.

Suas fichas neste segundo capítulo da trilogia iniciada em 2012 com Oceania (e prevista para acabar em 2015 com Day for Night) são “Being Beige”, “Anaise!”, “One and All” ou “Dorian”. Nenhuma tem viço suficiente para convencer a molecada que pira com os Arctic Monkeys. Todas soam apenas razoáveis para o antigo fã, hoje um “adulto contemporâneo”. Quando muito, dão saudade da época em que o Smashing Pumpkins foi importante. Não pela banda, e sim pela juventude que o tempo engoliu.

Adoçante anti-estresse
A repórter Layse Ventura indicou Classics, do She & Him, com entusiasmo. “O disco alivia essa tensão e dureza do mundo, essa coisa cinza, cheia de fumaça”, defendeu. “Fora que o que pode ser mais fofo do que Zooey Deschanel no clipe do single ‘Why Do You Let Me Stay Here?’?” Ela tem razão: os standards de música popular americana gravadas ao vivo pela dupla com uma orquestra são ideais para deixar rolar enquanto se faz outra coisa – ou nada. Queixas contra a delicadeza, por favor, devem ser dirigidas à colega.



Monumento ao sossego
Ernest Ranglin está convidando para uma visita à Jamaica regada a jazz. Em Bless Up, como o guitarrista de 82 anos cai bem. O disco traz as influências da ilha – mento, ska, reggae, rock steady – diluídas em instrumentais que desanuviam a mente, pacificam o espírito e embalam sonhos. Só resta lhe desejar saúde para continuar lançando lufadas do naipe de “Bra Joe for Kilimanjaro”, “Follow On” e “El Mescalero”.

Nenhum comentário: