20161011

Retorno ao templo do grunge

No subconsciente do pop, Seattle era apenas a terra natal de Jimi Hendrix quando o furacão grunge varreu o mundo no início da década de 1990. Encabeçado pelo Nirvana, o estouro do estilo musical associado à chuvosa cidade do noroeste dos Estados Unidos deflagrou uma corrida em busca da próxima sensação vinda de lá. Nesse movimento, o mundo acabou desenterrando o Temple of the Dog, que precisou gravar apenas um disco para se colocar entre os maiores daquela cena.

Para regozijo dos saudosistas e deleite da juventude interessada, os 25 anos do lançamento da autointitulada estreia da banda não passaram em branco. O álbum ganhou nova edição, acrescida de demos e takes alternativos, e seus integrantes se reuniram para uma série de shows, todos já com os ingressos esgotados. Hoje é fácil chamá-lo de supergrupo devido à fama de seus integrantes, egressos do Soundgarden e do Pearl Jam. Mas, na época, não passava de uma singela forma de homenagear um amigo morto por overdose de heroína.



O falecido era Andrew Wood, vocalista do Mother Love Bone – uma das matrizes do “som de Seattle” –, que havia sucumbido à droga em 1990. Precedido pelo single “Hunger Strike”, o trabalho mesclava baladas na voz pungente de Chris Cornell (“Call Me a Dog”, “Times of Trouble”, “Say Hello 2 Hea­ven”) com peso setentista sem prazo de validade (“Pushin' Forward Back”, “Your Savior”). Enfim, um discaço-aço-aço. Não espere mais 25 anos para conhecê-lo ou ouvi-lo outra vez.



O noise nosso de cada dia
A véspera de feriado abre uma minitemporada intensa para as hostes roqueiras de Florianópolis. Hoje, a Célula recebe o finlandês The Vintage Caravan para o Abraxas Fest, convescote metálico-lisérgico que também conta com a alegreportense Cattarse e a brusquense Ruínas de Sade. E, a partir da próxima segunda, o já tradicional Floripa Noise espalha seu esplendor por diversos palcos da Capital. Até domingo, a programação do festival prevê shows de Orquestra Manancial da Alvorada, Mukeka di Rato, Walwerdes, Tom Bloch e Cochabambas, entre outras atrações recomendadas para toda a família. Mais detalhes – incluindo um insuspeito “churrasco do Zimmer” – aqui.




 ANÇAMENTOS



Pixies, Head Carrier – Faixa-título berrando no talo, “Um Chagga Lagga” em velocidade punk, “Oona” e “Plaster of Paris” brincando com o pop, “All I Think About Now” evocando o hit “Where's My Mind”: que bênção Frank Black e cia recusarem-se a envelhecer. Como uma amiga disse sobre o grupo, “é sempre bom”.



Douglas Germano, Golpe de Vista – O segundo disco do sambista paulistano não se compromete com nenhuma bandeira que não a celebração do próprio estilo. Na malandragem torta feita de caixa de fósforo, percussão e violão, não tem como não se deixar levar por “Maria de Vila Matilde” ou “Guia Cruzada”.



(coluna publicada hoje no Diário Catarinense)

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