20170901

Queens of the Stone Age traz o rock para 2017

Fazer rock no século 21 é dureza. No lado artístico, equivale a investir em um estilo no qual os cânones já foram todos escritos e a linguagem parece ter se esgotado. No aspecto comercial, significa disputar mercado com sertanejo, funk (carioca), rap, R&B, eletrônica, qualquer música não movida a guitarras. Por isso, um disco como Villains, do Queens of the Stone Age no último dia 25, deve ser saudado com efusão. Sem reinventar a roda, a banda californiana conseguiu se renovar, e por tabela, sacudir a poeira do gênero em 2017.



Não dá para precisar o quanto Mark Ronson teve a ver com isso, mas a proeza passa pelas mãos dele. O produtor deixou o sétimo álbum do combo liderado pelo vocalista e guitarrista Josh Homme mais “para cima”. Favor não confundir com os serviços prestados a uma clientela que inclui de Amy Winehouse a Bruno Mars: já na abertura, com a introdução de quase dois minutos preparando o espírito para a entrada triunfante de “Feel Don’t Fail Me”, fica claro que a maldade continua sendo o maior patrimônio do grupo.



O que se pode creditar à produção é um frescor manifestado em timbres, cadências e pontuais intervenções, sempre potencializando a vocação da banda – sexy em “The Way You Used to Do”, densa em “Domesticated Animals”, frenética em “Head Like a Haunted House”. A herança zeppeliniana de “The Evil Has Landed” completa o ciclo de alternativas para o rock voltar a ter alguma relevância. Nem que seja apenas no nicho aonde foi confinado desde que o pop começou a privilegiar outros sons, outras batidas, outras pulsações.

Soul indie
Que agradável surpresa é este Childhood, que pingou na rede com Universal High. Putz, lá vem o cara com essas bandecas que ninguém conhece e menos gente ainda vai gostar, pensa a audiência qualificada. O hoje quinteto surgiu na Inglaterra como uma dupla, estreou em 2012 e agora chega ao segundo disco cheio de amor para dar. Quem tiver boa vontade e ouvir vai descobrir um grupo que parte do soul para cunhar delicinhas pop – tipo um Lenny Kravitz indie, como insinuam “Californian Light”, “Cameo” e a balada retrô “Understanding”.



(coluna publicada hoje no
Diário Catarinense)

Nenhum comentário: