Em um ano tão conturbado, a música foi escape. O lugar seguro para onde correr desde 1º de janeiro. As piores expectativas se superando e ela ali, em sua própria dimensão, aberta a todos que se dispuserem a deixar rolar. Era alívio imediato. Sem alarde, sem conselho nem lição de moral; só com a sensação de estar se mantendo à parte – logo, a salvo.
A música também deu a real. Três, quatro versos com palavras simples, diretos como um meme sobre a-dor-que-não-sai-em-rede-social. Nem sempre o que queria escutar, sempre o que devia ser dito. A única que conseguia chamar à ação enquanto passava a mão no cabelo de quem estava no seu colo. Difícil resistir, mais difícil ainda se mexer.
Ouvir música em 2019 foi uma experiência cada vez mais pessoal e, conforme as circunstâncias, intransferível. Quanto mais compartilhamos playlists, menos nos reconhecemos na vasta planície que afunda à medida que cresce. Mas quando surge um pontinho na paisagem, quanta felicidade. É a amiga música.
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