Foi o alemão quem levantou o tema, pouco antes de Curumim, afônico, forrar o ambiente com uma sessão de DUBWISE. Para ele deixar de lado a beldade com quem conversava e vir me perguntar isso, devia ser uma questão que o estava atormentando muito mesmo. Sempre ligado no movimento, nem esperou os cumprimentos protocolares para disparar:
— Cara, o que tá acontecendo nesse ano? Não saiu nenhum disco que preste até agora...
Reagi esvaziando sua angústia. Tentei RELATIVIZAR o suposto problema:
— Também não é assim, né? — ganhei tempo para pensar em algo que desmentisse a certeza saxônica. Mas só fiquei com cara de bobo falando “tem o..., também o...”, sem citar nenhum nome. No máximo, consegui dizer que ouço músicas, não discos.
A gravidade que emanava do palco evitou um debate que não levaria a nada. Ele voltou para a sua querida, eu fui perseguir o diabo da caretice com golpes baixos. Se nossa conversa continuasse, eu lhe explicaria que aboli aquela bolacha redonda com um punhado de canções gravadas. Que este formato só interessa ainda à indústria, que empurra ao consumidor um produto no qual é comum mais da metade ser descartada; ou a artistas com ambições conceituais, com resultados desastrosos na maioria das vezes.
Mas diria também o seguinte: cada um sabe o que fazer com o seu dinheiro ou com o seu tempo. Eu mesmo ocupo o meu escutando ocasionalmente discos inteiros – lançamentos de conhecidos com quem nutro uma relação afetiva (U2 e Neil Youg, por exemplo), álbuns antigos que apenas surtos idiossincráticos justificam sua ressurreição (jamais imaginei que desenterraria o Slide it in, do Whitesnake) e, ora se não, coisa nova de gente idem.
Como Fruit, do Asteroids Galaxy Tour. É uma banda dinamarquesa capitaneada pela vocalista Mette Lindberg (a radiante dona do ombrinho na foto ali em cima) e pelo baixista e produtor Lars Iversen. Já havia me ASSANHADO no final do ano passado com o cartão de visitas “The Sun ain’t Shining no More”, um popzinho retrô de raízes negro-espaciais. Atrás de mais faixas como essa, catei o disco inteiro tão logo ele deu mole, há poucos dias, predisposto a salvar duas ou três e deletar o resto.
Para minha surpresa, tem mais um monte do mesmo naipe, sempre com uma sonoridade que remete a soul, psicodelia light e vocação para se enquadrar entre Amy Winehouse e Lily Allen. Sem me esforçar, aponto “The Golden Age”, “Bad Fever”, “Around the Bend”, “Satellite” e “Lady Jesus” como aproveitáveis. Pode não representar muito. Com certeza, porém, é mais do que a média – o que credencia a estreia (pega aqui na minha reforma ortográfica) do grupo como uma das boas recordações que 2009 reserva. Tudo indica que este sol promete brilhar até dezembro.
THE ASTEROIDS GALAXY TOUR, The Sun ain't Shining no More
3 comentários:
O Asteroids Galaxy Tour e sensacional! Bela dica!
O blog esta de parabens! Altissimo nivel! So nao estou conseguindo coloca-lo no meu RSS do google (Google reader). Diz que o termo pesquisado não corresponde a nenhum feed.
Algo errado???
OBrigado,
Tom
Vou tentar me concentrar nas músicas, é uma boa iniciativa. Acabei convencido. O ruim é que vou ter que me esforçar muito: confesso que estou culturalmente atrelado ao formado LP...
Curti, vou conferir o resto!
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