20141003

Um príncipe em apuros



(coluna publicada hoje no Diário Catarinense)

Depois de romper com a Warner, em 1996, Prince lançou discos por outra gravadora, pelo próprio selo e em parceria com jornais europeus. Apesar de brilharecos ocasionais, nada conseguiu estancar sua decadência midiática – a ponto de muita gente ignorar que o baixinho não somente nunca parou por esses anos todos, como acaba de se manifestar em dose dupla. Solo, assina Art Official Age. Com a banda 3rdEyeGirl, PlectumElectrum. Que tenha sucesso e seja feliz. Próximo, por favor.

O 33º álbum de Prince não dividirá águas, não será recebido como a Boa Nova trazida pelo Messias, não irá torná-lo maior do que foi um dia. Isso não o proíbe de querer mostrar sua produção recente ao público. Veja só, “The Gold Standard” desliza por aquela levadinha safada com a qual ele costumava afinar cinturas. “Breakfast Can Wait” é para dançar de rosto grudado, sussurrando sacanagens no ouvido. E “Funkroll” delimita a diferença entre os dois discos. Neste, tem roupagem black chique.

Na versão do CD em conjunto com o trio feminino, pende para o que o nome sugere. Antes de infestar a cena, o tom genérico de Lenny Kravitz some para surgir o R&B jamaicano de “Stopthistrain” e “Tictactoe” botar mais doçura na relação. Mas não adianta, o fã quer os velhos clássicos – a maldição do todo artista que já beijou o céu. Kurt Cobain deu um tiro na cabeça. Michael Jackson mudou de cor. Axl Rose virou piada. Aos 56 anos, Prince voltou à Warner e continua ativo na planície. Ah, deixa o homem trabalhar, vai.

Reencontro engenhoso
Foi pelo Lira Paulistana que o Grupo Engenho lançou seu terceiro vinil, Força Madrinheira, em 1983. Hoje ambos se reencontram a partir das 19h no Circo Dona Bilica, no Morro das Pedras, em Florianópolis. A banda da Capital, para o show De Trésont’onte A Diajôji, uma antologia de sua trajetória. O teatro e gravadora de São Paulo, para o lançamento do livro Lira Paulistana – Um Delírio de Porão, de Riba de Castro, que conta as histórias do berço de artistas como Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé e Língua de Trapo.

Medida do barulho
O terceiro disco do ruído/mm, Rasura, está dando mole na internet. A unidade criada pela banda curitibana – ruído por milímetro, em minúsculas mesmo – mede o alcance da proposta: paisagens sonoras do jazz ao punk, da psicodelia ao pós-rock, em instrumentais que transportam o ouvinte para dimensões desconhecidas. Baixe o seu e reserve lugar na janela.

Nenhum comentário: