20190321

Quando acabar o maluco sou eu



A Babilônia repercute a queda da popularidade do seu presidente como se fosse algo inesperado.

Atípico foi o triunfo de um projeto excludente e retrógrado, personificado por um desequilibrado com a mão imitando arminha e a cabeça cheia de ideias mais apropriadas para a bolsa que carregava até outro dia. Incomum foi dar voz, visibilidade e poder a uma gente tão horrorosa quanto os preconceitos que alimenta. Bizarro foi pessoas no livre exercício da razão acreditarem que uma visão de mundo guiada pelo suprassumo do grotesco poderia ser compatível com uma normalidade mínima, nem que apenas aparente.

Quer dizer, faz tempo que os fatos redefinem a lógica e superam as piores expectativas. A disparada da rejeição a um conluio que ainda nem mostrou o quanto será catastrófico é a coisa mais sensata que aconteceu no país desde que milhões de patos apoiaram uma ruptura prejudicial a si próprios. Mesmo que não passe de um número prontamente atropelado pela próxima manchete – perfeita para desviar o foco, embaralhar o contexto e manter isso aí. O funcionário, o ministério e o público estão de parabéns.

Surpreendente de verdade é o nível da música lançada neste primeiro trimestre, muito aquém da média histórica. Em períodos de janeiro a março anteriores, já existiam discos e singles que acabariam entrando para a trilha sonora pessoal. Daqui a pouco rola a Páscoa e o que ouço – e ouvi tudo o que é considerado importante – é uma cacofonia de boas intenções equivocadas, lacração oportunista ou pura xaropice sem alma. Só não é uma nulidade completa porque a régua está lá embaixo.

Claro que o problema sou eu. Acho que agora é oficial: estou por fora. Cada vez mais.

Nenhum comentário: