“Lamentamos, mas sua conta foi desativada.”
Começava aí mais uma página nebulosa na crônica mundana pós-internet. Eu estava conectado, mas não conseguia enviar ou receber e-mails e – parece perseguição – renovar este blog.
O primeiro impulso foi achar que errei a senha. Repeti o processo. Se fosse caixa automático de banco, teriam cancelado meu cartão, de tanto que tentei. Cliquei na interrogação sob a mensagem estarrecedora. Era um questionário. Marquei uma, duas, três opções até chegar em um campo onde pudesse contar o sucedido. Aleguei que nunca desrespeitei os termos de conduta do serviço, que tinha um monte de coisa arquivada ali e que a responsabilidade por eu receber uma carrada de spans com assuntos como (segue na transcrição fonética para burlar os mecanismos de busca) “tin slãts” ou “iang bãt-fãqued” era deles, não minha.
Recebi a seguinte resposta automática: “Para sua [minha] segurança, nós [eles] podemos desativar temporariamente sua conta se nosso [deles] sistema detectar uso anormal. Pode levar entre um minuto a 24 horas para seu acesso ser reativado, dependendo do comportamento que nosso [deles] sistema encontrar”. Se eu achasse que o acesso não deveria ser desativado, um link ao pé da mensagem apresentava-se como ombro amigo. Acreditei. Marquei uma, duas, três opções (diferentes do primeiro formulário) até chegar em um campo onde pudesse contar o sucedido (igual). Recebi outra resposta automática.
Mandei um e-mail para a minha conta desativada. Voltou, claro: ela estava desativada. Pensei em deixar um comentário aqui explicando o patético da situação. Eu não conseguia publicar nada como “administrador”, mas o que eu escrevesse como “leitor” iria para o ar sem intermediários. Aliás, a proposta poderia ser esta, mesmo quando (e se) tudo voltasse a funcionar nos conformes. O post não importa, o verdadeiro conteúdo está nos comentários. Sei lá, de repente acabava até criando uma subcultura. Atenção, pauteiros.
Pelo MSN, avisei três amigos da minha condição de banido virtual e dei por encerrada a minha missão com aquele login. Teria de fazer tudo de novo. Como a posterior encheção de saco era previsível e inevitável, resolvi não me precipitar. Pró-atividade só serviria para despertar a úlcera velha. Relaxado, contemplei o limbo digital. Não havia tempo, não havia dor, não havia nada. Apenas eu, mergulhando no vazio qual um Gilgamesh binário – e sem Enkidu oferecendo-se para descer ao inferno em meu lugar.
No final da tarde de quinta-feira, tentei de novo, mais por inércia do que na fé. Tinha voltado. Informei os únicos que sabiam. Em termos práticos, o equívoco durou as prometidas 24 horas. Psicologicamente, porém, seus efeitos arrefeceram somente agora, três dias depois. Como eu disse (e o Daureza acompanhou a arenga passo a passo), algo se quebrou na minha relação com o Big G. Daí para a procrastinação, é um tapa. Ou dois tapinhas.
Um comentário:
Esse tipo de coisa acontece contigo porque tu é um sibversivo que fica por aí difundindo idéias perigosas por todos os lados...
alias, falando em idéias perigosas, essa lista de blogs aí à direita é o clube do jornalista venenoso ou o clube do bolinha rebelde? rsrs
Reivindico q meu humilde blogzinho novo (o destilar-te), também entre na lista. http://sarissima.wordpress.com/
beijos
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