20080125

É complicado procurar alguma coisa onde não existe nada

Fazia tempo que as Gravadoras não me mandavam material. Nem têm porquê, já que há muito estou fora do circuito de jornalistas-que-podem-publicar-algo-sobre-nosso-produto-
em-algum-lugar. Mas de vez em quando troca o funcionário responsável pelo mailing e, inadvertidamente, esquece de riscar meu nome da lista dos que serão agraciados com cedezinhos no conforto de seu lar.

Pois bem: hoje, descendo com o cachorro para que ele fizesse seu comentário matinal acerca da administração da cidade, vi o envelope pardo pela fresta da caixa de correio. Espiei mais detidamente. Pela espessura, só podia ser daqueles forrados com papel-bolha – ou seja, continha mimos em seu interior. Para aumentar a expectativa, estendi o mistério até a volta do passeio canino.

Meia hora depois, abri a portinhola com o número do meu apartamento e, rápido como quem rouba, catei tudo o que encontrei lá dentro. No elevador, ignorei as contas, as propostas de adesão e os folhetos publicitários para me dedicar ao pacote que me fascinava. Era da Universal Music, acusava o logo. A julgar pela última remessa que a companhia enviou para mim, em 2006 (um Killers, um Mars Volta, um Moptop, o Sting erudito e o solo da Fergie), eu não deveria esperar muita coisa.

O problema é que sou um crédulo, um inocente e, até mesmo, um simplório, que vislumbra em um telefonema, em um e-mail, em uma reles correspondência uma janela para o inusitado, o surpreendente, o insólito. Ainda consegui me segurar até entrar em casa para violar o envelope. Eis o causador de tanta ansiedade:


***

Acabo de tomar formicida. Devo expirar daqui a uns 15 minutos. Adeus.

***

Vai-se o homem, fica a semente.

4 comentários:

Anônimo disse...

Dae Emerson

Bem vindo ao mundo da blogosfera.

Abs e adicionado no Mundo47.

por júlia eléguida disse...

o importante é não criar tantas espectativas, a decepção é um pouco menor...

talvez uma vingança de um inimigo clichê, mas pense bem, a mocinha de argola de prata e bermudinha um número menor deve adorar ele, terás papo com a geração planeta atlântida.

nem tudo é tão ruim assim, o seu cachorro deve adorar brincar de pegar discos voadores...

Abraços de uma guria que não gosta de armandinho e adora destrinchar o mundinho roqueiro, acabei te achando

Alícia disse...

uUAHUahuHAUhauHAUha

adorei a historinha, quase me mijei de rir!

alícia

Anônimo disse...

ow emerson..!
"cê" mente ou não mente?

descobri teu blog e me animei.. gracias!