20230321

Baixo astral



Senti de verdade a morte de Canisso. Acho que consigo escrever uma biografia dos Raimundos de cabeça, de tanto que entrevistei a banda. Chegamos na mesma época a São Paulo, cada um com seus sonhos. Ele já era casado e pai, o que fazia com que tivesse um pouco mais de responsabilidade que os demais integrantes do grupo – sempre conservando aquele ar de molecão.

Quando Rodolfo encontrou Jesus e largou o grupo, Canisso percebeu que os Raimundos tinham acabado. Saiu também e depois voltou, era como sustentava a prole. Bacana ver um monte de depoimentos lembrando que, mesmo continuando a tocar com um guitarrista reaça, o baixista nunca foi um deles. Pelo contrário: não perdia a oportunidade de reafirmar sua posição.

Mas o que menos o agradaria na sua despedida seria ficar falando de política. Faço o registro apenas para ressaltar que, de maluco, conheci somente o seu lado bom. Como milhares de fãs de todas as gerações, de alguma forma também descobri que a vida era boa com suas músicas. E que podia ser ainda mais divertida toda vez que a gente se encontrava.

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