20080206

Que não se perca pelo nome

(Matéria escrita em 2003 para a Revista dos Curiosos. Publicação incerta e ignorada. Pagamento confirmado. Checagem não-atualizada.)

Não, não se trata de um conterrâneo que entrou para o ramo de auto-ajuda ou das estratégias de marketing usadas pelo presidente Lula para se eleger. Por trás do sobrenome mais popular do Brasil está uma organização mundial de pesquisa da mente humana presente em 110 países e com ensinamentos traduzidos em 30 idiomas. É o Método Silva de Controle Mental, criado pelo texano José Silva em 1966 e que se propõe a “desenvolver as capacidades inatas que o ser humano possui, mas não exercita”.

O sistema aterrissou no Brasil em 1972, trazido pela psicorientóloga americana Mimi Lutz. Dois anos depois, pelas mãos do também psicorientólogo português Eduardo Resende, inaugurou-se o primeiro núcleo em São Paulo. “Naquela época, falar de controle mental era uma loucura”, conta o diretor do método na América Latina, Omar Jaled Mustafá. Loucura ou não, a coisa expandiu: os livros com as aplicações sugeridas por Silva são publicados no País pela Editora Record desde 1977 e hoje a organização conta com representantes do Rio Grande do Sul a Roraima.

Segundo Mustafá, o Método Silva é procurado por administradores, médicos, psicólogos, estudantes, professores e donas de casa. “Vem todo o tipo de gente e não só quem tem problemas, porque educamos a mente com o objetivo de melhorar a qualidade de vida”, acredita o diretor. A partir dos 6 anos – existem cursos específicos para crianças –, qualquer pessoa de inteligência normal pode freqüentá-lo. Na inscrição, a única exigência é não estar fazendo nenhum tratamento psiquiátrico, para não comprometer o desempenho do método.

Por 300 reais, o candidato faz um treinamento de 25 horas que consiste em relaxamento físico e mental e visualização criativa (“uso ordenado da capacidade de pensar”). Com os temas saúde, educação e criatividade, o Método Silva promete benefícios que vão da eliminação do estresse à redução de enxaquecas, passando pelo auxílio na concentração, aprendizagem e memorização, pelo domínio da imaginação para resolver problemas e pela inteligência emocional.

Ao concluir o curso, o participante recebe um diploma e a carteirinha que dá ingresso a todos os programas da organização pagando apenas um valor simbólico. “Até 30 reais, de acordo com o lugar”, explica Mustafá, lembrando que a atividade similar nos Estados Unidos não sai por menos de 590 dólares. “O dinheiro reverte em novas pesquisas, senão não estaríamos por tanto tempo conquistando adeptos”, garante, citando os estudos da matriz em Laredo, no Texas, coordenados pelo fundador Jose Silva até sua morte em 1999.

Propaganda quase não há, apesar do apelo do nome. “Preferimos a convicção das pessoas que já fizeram o curso”, diz o diretor, com especialidade em psicorientologia e psicopedagogia. “São elas que acabam trazendo seus amigos e parentes para cá.” Um argentino que dava aulas de Ciências Econômicas e Psicodrama na universidade em Buenos Aires, ele próprio conheceu o método desse jeito, há 25 anos. “Minha comadre me convenceu a ir a uma sessão e logo comecei a dar palestras e a organizar grupos”, conta.

Convidado pela organização, Mustafá implantou o método na Bolívia e no Peru. Em 1995, tornou-se diretor do braço brasileiro do Método Silva, cargo que foi ampliado para toda a América Latina em 2001. Para virar instrutor, é exigido formação universitária e um processo de capacitação que dura dois anos e meio – sempre com a carteirinha. Na sede paulistana, que ocupa um andar em um prédio no bairro de Vila Mariana, os cursos atraem em média 30 pessoas, entre novos e “reciclantes”.

Em todo o Brasil, atualmente são oferecidos cursos básicos, seminários e workshops como “A Força Transformadora da Auto-Estima" e “Como Transformar Crise em Oportunidade”. Entre os instrutores, nenhum com o sobrenome Silva.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tomate, onde posso me escrever neste curso?

guesser