20220706

A privatização que nunca chega



Jamais indicaria alguma operadora de telefonia e internet. Mas se alguém me perguntar qual é a pior delas, respondo no ato: a que uso. Já bati boca por celular (inclusive com atendimentos automáticos), já ameacei acionar o Procon, já troquei de empresa. São todas a lesma lerda – nas tarifas, no suporte e, sobretudo, no desserviço que prestam.

Se você está satisfeita com a sua, não se vanglorie nem se preocupe. Cedo ou tarde, ela vai confirmar a regra. Aí você poderá despejar toda a sua raiva pelas redes sociais sem esquecer de copiar a arroba da companhia. Como não sou adepto desse tipo de interlocução, só me restou esta plataforma para registrar minha desventura.

No último dia 22, depois de tentar pelo 0800, pelo aplicativo e pelo site, finalmente consegui contratar uma operadora recorrendo ao contato telefônico pago. Dados fornecidos, dúvidas sanadas, informações conferidas, negócio fechado. A instalação ficou combinada para o dia 27, entre 15h e 18h.

Claro que não deu certo.

Faltando 18 minutos para terminar o prazo estabelecido, recebo uma ligação desconhecida. Era da “central”, dizendo que o técnico já estava na minha rua e não encontrava minha casa. Claro que haviam lhe passado outro número. Corrigi e me poupei do [olha o cacófato!] desgaste de convencer a voz do outro lado da linha de que eu não erraria meu próprio endereço.

Mais uns dez minutos e toca o interfone. Era o tal técnico, apenas para falar que não poderia fazer nada porque “o cadastro foi alterado”. Claro que foi, se não fosse ele não me acharia. A solução era aguardar até 72 horas para o famigerado sistema ser atualizado e só então marcar uma nova data para a instalação. Internet ainda em junho, sem chance.

Claro que a história não termina assim.

Hoje me ligaram mais uma vez. Para avisar que minha região está sobrecarregada e as obras de ampliação da rede devem demorar “de quatro a seis meses”. Perguntei por que haviam me vendido um pacote e agendado dia e hora para instalação, se não teriam como cumprir o acordado. Responderam que a culpa era do sistema. Claro que era.

Mal desligo e o celular volta a tocar. Outra operadora. Antes que eu invoque a LGPD, vem a explicação: quando uma operadora é incapaz de tirar dinheiro de algum desavisado como eu, tem que comunicar à Anatel, que direciona o pedido para uma concorrente disponível. Basta repetir todo o processo e logo me tornarei seu cliente pagando mais pelo mesmo.

A promessa é de que amanhã de manhã estarei conectado.

Em tempo: guardadas as particularidades de cada ramo, minha resposta vale também para bancos.

(Extraído da newsletter Extrato. Assine já e garanta o seu exemplar antecipado todas as terças!)

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