20220504

Minha inutilidade, minhas regras



Virei aquele xarope que, docemente constrangido, dá um jeito de enfiar esta newsletter na conversa com qualquer conhecido que ainda não seja assinante. Semana passada, um amigo desavisado ouviu minha fingida despretensão e fez a pergunta óbvia que eu não estava preparado para responder: “Tá, mas é sobre o quê?”.

Aí me quebrou. Eu já vivo em um eterno dilema existencial por causa da profissão que escolhi e o cara quer que eu diga sobre o que escrevo?!?!? Sei lá, bicho! Não sei para o que sirvo, nem para o que serve o que aprendi a fazer e muito menos se o que escrevo serve ou deveria servir para alguma coisa.

“Sobre nada em específico, é mais ‘para gostar de ler’”, balbuciei tão desconcertado que fiz o gesto deplorável de aspas com as mãos e mudei de assunto. Fiquei noiado com isso até encontrar palavras que apaziguaram meu coraçãozinho. Sim, também alimento a trágica vontade de ser lido, mas não, não estou preocupado em performar.

PS: Sou mais um que, com o fim do Google Reader, migrou para o Feedly (embora nunca tenha ativado o RSS no meu blog para poder adulterar os posts em paz).

PPS: O cara acabou assinando. Obrigado!


(Extraído da newsletter Extrato. Assine já e garanta o seu exemplar antecipado todas as terças!)

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