20211117

Salvos pelo trocadilho



Deve ser frustrante para um artista gravar um disco com músicas inéditas e perceber que o público está interessado somente em seus velhos sucessos. O Abba não vai precisar lidar com essa situação constrangedora. O esfuziante quarteto sueco acaba de lançar Voyage, seu primeiro disco com material novo em 40 anos; portanto, desde que reinava nas pistas de dança com uma sonoridade avaliada como as propriedades nutricionais do ovo ou do café: ora é considerada sinônimo de brega, ora é o suprassumo do cool.

Quis o destino que em 2021 a balança pendesse para o lado favorável. Os mesmos argumentos que eram usados para ridicularizar a banda agora são brandidos para justificar sua volta. Reconhecer sua importância histórica não me impede de achar o álbum uma versão piorada da lesma lerda de sempre. Parece que Agnetha, Bjorn, Benny e Anni-Frid estão bem cientes disso também. Tanto que não vão nem se dignar a aparecer nos shows para ouvir o público pedindo “Dancing Queen”.

Em vez disso, serão representados por abbatars.

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