20220316

A guerra é um saco



Enquanto o Axioma de Glória Pires não é adotado como norma para evitar que pessoas se manifestem em preto & branco sobre assuntos com mais de 50 tons de cinza, tentei estudar um pouco sobre a guerra. O que busquei nas gazetas impressas e virtuais fui encontrar nas páginas de um livro escrito por Umberto Eco em 2006 sobre os eventos políticos e midiáticos que influenciaram o mundo no começo deste século, A Passo de Caranguejo. Em um dos capítulos da obra, o pensador italiano classifica os conflitos em paleoguerras e neoguerras.

Nas primeiras, era aceitável e até valorizada a morte em combate, contanto que morressem mais inimigos; os maiores ganhadores eram as indústrias bélicas dos países beligerantes; e os cálculos e a intenção dos protagonistas tinham valor determinante. Nas segundas, as estratégias levam em conta o menor número de baixas (aliadas e adversárias) para não perder a batalha da informação; quem ganha são as multinacionais que têm interesses de um lado e de outro da barricada; e a multiplicação dos poderes em jogo distribui tudo de acordo com disposições imprevisíveis.

Quanto mais leio, mais fico com a sensação de que estamos presenciando uma paleoguerra e uma neoguerra ao mesmo tempo. O problema não é a possibilidade do fim do mundo, geralmente frustrante por desmoralizar todas as profecias, mas as barbaridades às quais a maioria de nós sobrevive.

(Extraído da newsletter Extrato. Assine já e garanta o seu exemplar antecipado todas as terças!)

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